Cotidiano

Número de jovens desempregados sobe mais de 11 p.p. em dois anos

RIO – O aumento do desemprego entre jovens com menos de 25 anos passou de 15,25% para 26,36%, mais de onze pontos percentuais, em dois anos. Em cada quatro jovens dentro da força de trabalho ? que trabalham ou procuram emprego ? um está desempregado. Os dados aparecem na análise sobre os números do mercado de trabalho divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea) nesta sexta-feira.

O estudo mostra também que o Sul foi a região mais atingida pelo desemprego, com alta de 95% entre o quarto trimestre de 2015 e o primeiro trimestre de 2016. No Sudeste, a taxa subiu para 72%. Já no Nordeste o aumento foi de 55%. Apesar disso, o Nordeste continua sendo a região com maior número de desempregados do país. Além de jovens e nordestinos, os mais afetados são mulheres, pessoas com ensino médio incompleto, que não são chefes de família e que moram em regiões metropolitanas.

O documento ressalta também que o fraco desempenho do mercado de trabalho é explicado principalmente pela expressiva queda na quantidade de admissões, muito mais do que pela elevação no número de demissões.

De acordo com o coordenador do Grupo de Conjuntura do Ipea (Gecon), José Ronaldo de Castro Souza Júnior, responsável pela análise, a queda nas admissões é o ponto mais alarmante dos dados do mercado de trabalho.

? A questão não é a demissão, mas a falta de admissão que é alta e piora consideravelmente o quadro. O jovem é o que mais sofre com essa situação porque ele não consegue entrar no mercado de trabalho. Essa é a hora que ele precisa encontrar um emprego para ter experiência e não encontra ? ressalta. ? As regiões Sul e Sudeste são as primeiras e as mais afetadas pela crise devido à indústria. Estamos com o setor industrial no nível de 2003, isso explica esses dados ? completa.

Em 2015, houve uma média mensal de 1,54 milhões de desligamentos contra uma média de 1,38 milhões nos quatro primeiros meses de 2016. Por outro lado, a média de admissões mensais caiu de 1,40 milhões em 2015 para 1,28 milhões em 2016.

Segundo o Ipea, a queda no número de desligamentos pode ser explicada não só porque incidem sobre um estoque menor de ocupações, como porque em períodos de crise diminuem-se as demissões voluntárias.

O desemprego subiu 11,1 pontos percentuais entre os jovens e 3,1 pontos percentuais entre os adultos até 59 anos. Subiu 6,2 pontos percentuais entre aqueles com ensino médio incompleto e 3,3 pontos percentuais para trabalhadores com ensino superior.

O documento ressalta ainda que os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua ? PNAD indicam que o aumento do desemprego foi causado majoritariamente pela queda da população ocupada, tendo sido reduzida a contribuição do aumento da população economicamente ativa (PEA). Por outro lado, o aumento do desemprego não tem sido ainda mais intenso, pois muitos trabalhadores têm tomado a iniciativa de se tornarem trabalhadores por conta-própria.

RENDIMENTOS

A média mensal do salário no início de 2015 era de R$ 2,040. No entanto, no trimestre que terminou em abril, a média recuou para R$ 1,962.

A taxa de crescimento anual da massa salarial também começou a declinar em meados de 2015 tendo atingido uma queda de 4,7% no trimestre que se encerrou em fevereiro de 2016. No trimestre entre fevereiro e abril de 2016, a massa salarial se situou em R$ 173 bilhões, mesmo patamar que se encontrava há três anos.

O estudo leva em consideração os dados mais recentes divulgados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua ? PNAD, do IBGE e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho.