RIO – Como se entrassem pela janela, araras, tucanos, papagaios e periquitos invadem a casa. Sobem pelas paredes samambaias, palmeiras e costelas-de-adão. Bananas e abacaxis aparecem em forma de potes (de porcelana e plástico) e pesinhos para colocar atrás da porta (de feltro). O clima tropical está em todas na decoração, de jogos americanos com estampas de bichos a papel de parede que imprime uma mata.
? A gente mora em um país tropical. Sempre tentei trazer para dentro de casa alguma peça que remetesse ao Rio, que representasse a nossa brasilidade ? observa o arquiteto Chicô Gouvêa.
O banheiro de sua casa é um exemplo típico. Na porta, um painel que reproduz uma pintura habitada por pássaros, de um autor holandês desconhecido. Nas paredes de pastilhas pretas, coloridos cocares emoldurados.
? Antes, ficavam pendurados na minha sala. Há 30 anos, fiz o projeto de um hotel em Brasília e visitava muito a Funai. Os meus cocares são desta época ? lembra Chicô, que desenha, junto a uma equipe, os objetos com jeitinho brasileiro da loja Olhar o Brasil.
A tendência de incorporar itens com uma pegada tropical na decoração, para ele, exige bom senso. Sua dica é caprichar nos acessórios e manter o fundo neutro. Já Paula Neder aposta no contrário, no ambiente que assina com um papel de parede da La Estampa.
? É um recurso que só funciona para a parede atrás da cama, porque você não fica olhando o dia inteiro. Se você olhar de perto, esta estampa tem profundidade e imprime realismo ? detalha Paula, que emoldurou aquarelas e pendurou-as no painel.
Tropicalismo pede plantas, e que se adequem ao nosso clima, claro.
? Sugiro colocar uma palmeira em um vaso de barro, uma fênix em um cachepô de palha ou uma folha de costela-de-adão em uma garrafa de vidro ? indica a paisagista Anna Luiza Rothier.
Sentiu falta de algum aparato tropicalista para compor o ambiente? Música, sempre. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa e companhia são bem-vindos.