
A proposta de venda é colocada em cena em meio à uma relação triangular: a casa em questão é uma construção antiga, em que o talento da arquiteta Cláudia e o suporte financeiro de seu marido, o engenheiro Paulo, foram investidos exaustivamente, a fim de formar o espaço perfeito para abrigar o relacionamento dos sonhos e a família ideal. Quem surge como a terceira pessoa da trama é Magu, a melhor amiga e a quem cabe a preferência na compra. Tudo se desenrola em ordem cronológica inversa e os segredos, escondidos entre as paredes, ganham luz. Móveis em miniatura ganham destaque.

Cecília já experimentou outro projeto relacionado ao ambiente doméstico, também com interação do público, em 2013: ?A alma encantadora das casas?. Antes disso, o espaço servia como reduto de pesquisa e ensaio de artistas. A casa grande tinha diversos problemas de estrutura e conservação quando ela se mudou, em 1998, ainda com o objetivo de apenas dar aulas no local. Um edital do ?Festival Home Theatre”, para apresentar cenas em residências, foi o que a inspirou a investir no atual projeto, além do anseio em trazer algo novo e cultural para a região.
? Nós temos pouquíssimos espaços culturais na Zona Norte. Nesse bairro, por exemplo, o último aparelho que teve foi o cinema Santa Alice, que fechou em 1982 e virou uma igreja evangélica. Então, faltam ofertas e, ao mesmo tempo, os teatros públicos onde podemos fazer um espetáculo sem patrocínio são poucos e a concorrência é enorme. Queríamos atender aos moradores do bairro e distribuíamos filipetas, mas o público tem vindo de fora. Eles são nossos apoiadores-patrocinadores ? conta.
Para o segundo semestre deste ano, ela já planeja uma temporada de ?Casa à venda? no Parque das Ruínas, em Santa Teresa, uma antiga mansão.
? É uma peça que pode ir para o teatro, mas nós também estamos buscando lugares onde possamos fazer uma apresentação que dialogue com o espaço concreto, para não perder essa característica. A primeira cena será nas Ruínas e depois o público seguirá para o teatro, para ver o cenário montado no palco. É uma forma de poder receber mais pessoas e com conforto.