Cotidiano

Ex-preso de Guantánamo cruza fronteira do Uruguai para o Brasil

MONTEVIDÉU — Um dos ex-detentos da prisão americana de Guantánamo cruzou a fronteira do Uruguai até o Brasil sem os controles de migração.

Segundo o ministro do Interior uruguaio, Eduardo Bonomi, não se sabe com que documentação Jihad Ahmad Diyab saiu do país já que não passou por nenhum registro. A informação tinha sido veiculada por um programa de TV local na noite de quarta-feira, e o ministro confirmou.

— Eu não sei se ilegalmente, mas ele deixou o país — disse Bonomi ao jornal “El Observador”.

De origem síria, Diyab foi para o Uruguai com outros cinco ex-detentos mediante um acordo com os Estados Unidos, em 2014. Ele está sendo procurado pela Inteligência uruguaia. Também trabalham no caso a Interpol e a embaixada dos EUA no Uruguai.

O Ministério do Interior disse que Diyab é livre para deixar o país a qualquer momento. Em maio deste ano, no entanto, o sírio havia tentado entrar no Brasil com seus documentos uruguaios, mas foi rejeitado pelas as autoridades fronteiriças, no âmbito da legislação antiterrorismo brasileira.

Diyab fez diversos atos de protesto em frente à Embaixada dos Estados Unidos em Montevidéu e foi o único dos ex-detentos que não assinou o convênio com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) para residir no Uruguai.

Em setembro de 2015, Diyab recomendeou em uma entrevista coletiva que outros ex-prisioneiros não fossem para o Uruguai. Na ocasião, ele disse que o governo uruguaio não cumpriu o que prometeu.

De acordo com o jornal uruguaio “El País”, a delegação uruguaia que viajou para Guantánamo prometeu a Diyab que sua família seria levada para o Uruguai e teria uma casa para viver com ele, mas isso nunca aconteceu:

— Se não trouxerem a minha família nos próximos dias e não me deram a casa que me prometerem, volto à embaixada dos EUA — disse o sírio.