RIO ? Já se vão mais de 150 anos desde que a escravidão foi abolida nos Estados Unidos. Apesar disso, o documentário “13th” defende que o regime escravocrata ainda é uma realidade no país devido ao encarceramento desproporcional dos negros norte-americanos. A população carcerária dos EUA passou de 357 mil pessoas em 1970 para 2,3 milhões em 2014, e mais de 40% deles são negros. Dirigido por Ava DuVernay, do indicado ao Oscar “Selma” (2014), o filme estreia nesta sexta-feira na Netflix.
O título faz referência à 13ª emenda da constituição americana, responsável por abolir a escravidão em 1865. Com entrevistas com acadêmicos, políticos e ex-prisioneiros, DuVernay traça um paralelo entre a escravidão e os atuais linchamentos, prisões por delitos de drogas, luta por direitos civis e surto de mortes de civis negros desarmados pelas mãos da polícia.
“13th faz conexões que nenhum outro documentário de grande lançamento fez”, defende o crítico David Edelstein, da “New York Magazine”. Aclamado pela crítica, o filme foi considerado ainda um “estudo sobre lucro e poder” pelo “New York Daily News”, e garantiu um índice de 100% no site “Rotten Tomatoes”, que agrega resenhas profissionais e amadoras.
DuVernay cresceu no bairro de Compton, em Los Angeles, berço do rap da Costa Oeste dos EUA.
“Sempre soube que faria um filme sobre isso. Na comunidade em que cresci, não pensamos em ‘segurança’ quando vemos a polícia. Como aluna de estudos afro-norte-americanos, pude usar essa experiência em um contexto histórico e cultural, o que ajudou a consolidar meu interesse sobre esse tema”, disse.