Cotidiano

Regime sírio e aliados fazem avanços militares em combate a rebeldes

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BEIRUTE – Forças do governo sírio recapturaram territórios de insurgentes em várias áreas do Oeste do país neste sábado. Os avanços das tropas do presidente Bashar al-Assad vêm enquanto o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) se prepara para votar esboços de resoluções conflitantes da França e da Rússia, exortando um cessar-fogo imediato. A Síria está mergulhada em uma guerra civil, que já completa cinco anos e deixou centenas de milhares de vítimas fatais, além de ter obrigado milhões de pessoas a deixarem seus lares.

Duas semanas depois do lançamento de uma ofensiva do Exército sírio sobre Aleppo, com o apoio de Moscou, as tropas de Damasco seguiam avançando palmo a palmo, ganhando terreno dos rebeldes por três eixos. As forças do governo sírio e seus aliados tomaram uma área no extremo Norte da cidade, noticiaram a mídia estatal e o OSDH, sediado no Reino Unido.

? A batalha se desenrolava no centro, especialmente no bairro de Bustan al-Basha, onde o exército está avançando, no sul, em Sheikh Said, e na periferia norte, onde o regime tomou o bairro de Uwayja ? explicou o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.

O regime conta com o apoio da aviação russa e de combatentes iranianos, libaneses e iraquianos em solo.As tropas do país estão com a vantagem nos arredores da frente de batalha crucial de Aleppo, epicentro dos conflitos na região. O Leste da cidade, controlado pela oposição, está sitiado desde julho ? com exceção de um breve período.

Os bombardeios do governo em Aleppo, que ocorrem desde que uma trégua mediada por Washington e Moscou em setembro desmoronou após uma semana, provocou críticas da ONU e de países que apoiam a oposição síria. Aleppo é o principal foco do conflito que arrasa há mais de cinco anos a Síria, que deixou mais de 300.000 mortos, provocando a pior tragédia humanitária desde a Segunda Guerra Mundial.

Também neste sábado, os rebeldes sofreram revezes mais ao Nordeste, perto da fronteira com a Turquia, em combates contra militantes do Estado Islâmico, relatou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido.

PROPOSTAS DE TRÉGUA

Enquanto os combates entre o regime sírio e os rebeldes se intensificavam no coração de Aleppo, espera-se que o Conselho de Segurança da ONU discuta duas propostas de trégua para a Síria muito diferentes entre si. Uma das propostas, apresentada pela França, pede o fim dos bombardeios em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, enquanto a outra, defendida pela Rússia, pede simplesmente o cessar-fogo. Os 15 membros do Conselho decidirão sobre a proposta da Rússia imediatamente depois de votarem a da França.

O texto da Rússia, obtido pela AFP na sexta-feira, pede “a instauração imediata de um fim das hostilidades, especialmente em Aleppo”, e solicita a todas as partes que permitam o acesso da ajuda humanitária. O embaixador britânico na ONU, Matthew Rycroft, rejeitou o texto, estimando que se trata de uma manobra russa destinada cinicamente a “desviar a atenção da necessidade de deter os bombardeios sobre Aleppo”.

Por sua vez, a Rússia ameaçou usar seu direito de veto para bloquear a proposta francesa.

? Não vejo de que maneira poderíamos deixar que esta resolução seja aprovada ? disse à imprensa o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin.

Na sexta-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, denunciaram em Washington que o regime sírio cometeu crimes de guerra em Aleppo ao bombardear hospitais e escolas. No antigo pulmão econômico da Síria, há 250.000 habitantes sitiados há quase dois meses.

Kerry denunciou “uma estratégia organizada para aterrorizar os civis e matar qualquer um que esteja no caminho de seus objetivos militares”.