
Paraná - Depois da estiagem, um novo problema ameaça as lavouras de milho segunda safra no Oeste paranaense: a geada. Conforme informações obtidas junto ao Simepar, o Sistema Meteorológico do Paraná, apesar de pequeno, há sim um risco de ocorrências de geadas nos próximos dias em várias regiões do Paraná. É um agravante, pois muitas dessas áreas ainda tentam se recuperar dos efeitos provocados pela escassez hídrica.
Região Oeste
Na região Oeste, os municípios mais afetados ficam na faixa da costa oeste paranaense, comumente mais quentes que a média de outros municípios. As regiões mais atingidas pela estiagem ficam em Diamante do Oeste, Marechal Cândido Rondon, Pato Bragado, Entre Rios do Oeste, Santa Helena, Mercedes, Guaíra e Terra Roxa.
De acordo com Jovir Esser, economista do Deral (Departamento de Economia Rural), em Cascavel, o campo ainda sente os efeitos do fenômeno climático La Niña, caracterizados pela instabilidade. “O Oeste tem registrado chuvas irregulares. A última chuva o índice pluviométrico variou de 7 a 42 milímetros”, informou.
Enquanto isso, de uma maneira geral, o plantio da segunda safra de milho praticamente encerrou no Estado. Dados fornecidos pelo Deral dão conta de que, apesar das perdas, essa tende a ser a segunda maior área plantada dentro do contexto histórico.
Dependendo do período em que foi plantado, a falta de umidade pode fazer com que as espigas não atinjam o seu pleno desenvolvimento, comprometendo, por exemplo, o número de fileiras e grãos. E essa foi justamente a situação verificada em uma propriedade rural localizada no município de Cafelândia. Em uma delas, dos 600 hectares cultivados, 60% foram prejudicados no início do plantio, no mês de fevereiro. Conforme o produtor Diefenthaeler, a falta de chuvas aliada à alta temperatura “travou” a evolução da planta por um período, favorecendo o ataque de pragas e obrigado o produtor a tirar mais dinheiro do bolso para a aquisição de inseticida. Essa situação reduziu a rentabilidade e a produtividade.
Por outro lado, em uma outra propriedade da família, o cenário é o oposto. Na lavoura com amplo alcance hídrico, a expectativa é de colher entre 120 e 130 sacas por hectare.
No Paraná, a área plantada com o milho segunda safra totaliza 2,7 milhões de hectares, ou seja, 7% a mais que a safra anterior. Conforme o mais recente levantamento, 63% desse total apresenta boa condição e potencial produtivo. Já 23% tem condição mediana, ou seja, pode ou não produzir dentro do esperado e 14% é considerada ruim. Isso representa 370 mil hectares que não devem atingir a produtividade mínima aguardada para essa área. Preliminarmente, estimativas dão conta de que o Paraná deixará de produzir até o momento, 240 mil toneladas de milho segunda safra.
O Paraná deverá colher 16 milhões de toneladas. Isso representa 1,5% inferior à expectativa inicial, que era de 16,5 milhões de toneladas. Para os próximos relatórios, esse índice deverá ser ainda maior, por conta da condições de campos desfavoráveis.
No atual momento, a planta depende muito de temperatura amena a presença do sol para ter energia e formar grãos com peso. O gerente regional do IDR-Paraná, Lindomir Pezenti, disse à equipe de reportagem do Jornal O Paraná que a redução de 30% da área plantada de trigo fez que com o milho avançasse no Paraná. No Oeste, as perdas por enquanto, giram em torno de 10%.
Alerta Geada
O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater) e o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) iniciaram segunda-feira a 31ª edição do Alerta Geada, serviço que opera de maio a setembro com o objetivo de avisar, com antecedência, produtores rurais sobre o risco de danos causados pelo frio.
Criado originalmente para proteger cafezais recém-plantados, o Alerta Geada hoje atende diversas atividades agropecuárias — avicultura, suinocultura, horticultura e silvicultura, por exemplo — e ainda beneficia outros setores da economia, como turismo, comércio, mercado financeiro e construção civil, explica a meteorologista Ângela Costa, do IDR-Paraná.
Durante a vigência do serviço, pesquisadores divulgam diariamente boletins com informações sobre as condições do tempo e a evolução de massas de ar polar no Estado.
Segundo Ângela Costa, a entrada de massas de ar polar no território paranaense tende a se intensificar a partir de maio, alternando dias frios com períodos de temperaturas mais amenas. São esperados veranicos, nevoeiros e geadas — condições típicas da estação —, com variação de intensidade entre as regiões. O fenômeno El Niño permanece em fase neutra.
“Os modelos climatológicos indicam que as precipitações e temperaturas devem se manter próximas à média histórica para o Estado”, afirma a meteorologista.
Custo para produzir
A Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS) divulgou o custo de produção do milho 2ª safra 2024/2025. De acordo com o levantamento, que considerou todas as despesas diretas e indiretas da atividade, incluindo custos fixos e variáveis, para produzir um hectare de milho em sistema de cultivo solteiro, o agricultor desembolsou mais de R$ 4.700, o que corresponde a 89,49 sacas por hectare.