RIO ? Um sexto dos proprietários dos veículos envolvidos nos 40 recalls, realizados no Brasil, referentes aos airbags fabricados pela japonesa Takata, atenderam o chamado das montadoras de veículos: 415.055 dos 2.537.843 envolvidos, apesar do claro risco identificado a que estão expostos motoristas e passageiros. Os dados estão no Boletim Recall 2016 divulgado, nesta quinta-feira, pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça.
? O maior desafio disparado do recall é como sensibilizar e fazer o consumidor atender o chamado ? diz André Luiz dos Santos, diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), da Senacon, destacando que a resposta aos recalls de veículos ainda é o maior entre todos os realizados.
Em 2016, fora as 40 convocações relacionadas a Takata, um problema mundial, foram realizados 138 recalls no Brasil, que afetaram 9.651.519 produtos, contra 3.207.899 de 2015. Os automóveis estão no topo do número de convocações, com 76% dos chamados, seguido por motocicletas (7,25%), ciclomotores, eletrônicos e alimentos, os três com 2,9% dos total de recalls.
No entanto, o maior número de unidades envolvidas nas convocações são eletrônicos: 7.229.321. Desse total, a maior parte é de carregadores da Apple, 7,2 milhões. O chamado, feito voluntariamente pela fabricante, atraiu, no entanto, apenas 18.018 consumidores para a troca, o que representa 0,24% dos proprietários de iPhones e iPads envolvidos.
Segundo o Código de Defesa do Consumidor (CDC), o recall é obrigatório sempre que o fornecedor de produtos e serviços identifica que a risco a vida, saúde e segurança do consumidor. A determinação é para a retirada imediata do produto do mercado e a divulgação clara dos riscos ao cidadão. Santos ressalta, no entanto, que é uma questão cultural que se amplie o número de convocações voluntárias.
? As empresas precisam entender o mecanismo como um reforço na relação de confiança. Se há uma inadequação, se um fabricante recebe queixa e identifica que há um defeito num eletroeletrônico, independentemente de representar um risco à saúde do consumidor, ele deveria chamar um recall. É uma estratégia para quem pensa não como vai sobreviver até sexta-feira, mas como quero estar no mercado daqui a 20 anos ? ressalta o diretor do DPDC.