Cotidiano

Identificar as diferenças de perfil dos chefes é fundamental na construção da carreira

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Você certamente já ouviu algum colega de trabalho dizer que ?chefe é tudo igual?. E é bem provável que esta frase tenha sido o desfecho de uma conversa cheia de reclamações sobre quem está no comando. Só que, definitivamente, eles não são todos iguais. Reconhecer as diferenças é fundamental para quem quer evitar os problemas de relacionamento no trabalho.

A empresa de desenvolvimento e certificação de lideranças LeaderArt criou um método de avaliação e treinamento de gestores que identificou quatro perfis-chave, baseados nos diferentes momentos da carreira. Segundo o diretor da companhia na América Latina, Cícero Carvalho, o mapeamento foi feito porque é importante que cada líder perceba como cada fase pede uma consciência e uma visão diferente. Mas as informações também são valiosas para os subordinados. De acordo com ele, a partir do momento em que os trabalhadores identificam o momento de carreira do seu gestor, a abordagem e a comunicação também podem mudar e fluir melhor.

? O essencial é que os profissionais percebam como a evolução profissional é contínua, independentemente do nível de experiência ou conhecimento ? reforça Carvalho.

Eva Hirsch Pontes, coach executiva e professora da Fundação Dom Cabral, concorda com a afirmação. Mas como lidar com as diferenças soa complicado, o segredo, segundo ela, é transformar essa relação num aprendizado.

? Quando você identificar as dificuldades do seu chefe, aprenda com elas, já que também poderá enfrentá-las se ocupar a posição dele um dia ? aconselha Eva.

Por outro lado, tentar mudar o comportamento do superior ou, simplesmente, aceitá-lo pode não ser um bom caminho. Para Eva, a solução é encontrar as melhores maneiras de contornar cada situação. Ela ilustra esse pensamento com o caso de uma cliente.

? Ela foi para uma empresa no exterior com uma promessa de autonomia que não se concretizou. Ao chegar lá, descobriu que tinha uma chefe centralizadora e desconfiada. Minha cliente, então, percebeu que precisava encontrar formas de ganhar a confiança. Então, adotou atitudes como produzir relatórios semanais que mostravam tudo o que ela e a equipe faziam. Assim, a chefe tinha sensação de que tudo estava sob controle e as coisa foram melhorando ? conta Eva.

Relações respeitosas

Professora da ESPM-Rio e doutora em psicologia social, Cláudia Tardin nota que as pessoas ainda têm muita dificuldade em se relacionar com seus superiores justamente por não saberem interpretá-los.

? Nem sempre entendemos nas mensagens que recebemos qual foi a real intenção do emissor. Por isso, conversar e sempre deixar tudo muito esclarecido é fundamental na condução dessas relações ? recomenda ela.

Ela lembra que cada um tem a sua personalidade, mas é fundamental trabalhar a empatia.

? As pessoas têm partido para o julgamento com muita frequência. É recomendável fugir disso, demonstrando cordialidade e interesse em contribuir. Ficar reclamando e falando mal do chefe pelos cantos não pega bem, assim como fazer cara feia diante de um pedido ou crítica dele ? afirma a Claudia.

E não leve as críticas para o lado pessoal. Claudia enfatiza que, se o superior chamou a atenção de um subordinado, não significa que estará esperando sempre o pior desse funcionário. Do contrário, o chefe já o teria demitido.

Por fim, ela deixa uma dica prática:

? Observar as pessoas que têm boa relação com os chefes pode ser uma ótima fonte de aprendizado. Afinal, é importante o empregado mostrar que executa bem as tarefas, mas o que mais conta para o seu crescimento numa companhia são as relações de trabalho.