RIO Paulo Bernardo Silva, paulista de 64 anos, foi ministro do Planejamento do governo Lula entre março de 2005 e janeiro de 2011. Com a posse de Dilma Rousseff, ele passou a comandar a pasta das Comunicações, onde permaneceu até janeiro de 2015. Mas sua prisão, realizada na manhã desta quinta-feira, em Brasília, remete à época em que o ex-deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores ocupava seu primeiro mandato como ministro.
A Operação Custo Brasil, um desdobramento da 18ª fase da Lava-Jato, apura o pagamento de propina, proveniente de contratos de prestação de serviços de informática com a empresa Consist, na ordem de R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015, a pessoas ligadas a funcionários públicos e agentes públicos do Ministério do Planejamento.
Segundo a Polícia Federal, há indícios de que o Ministério do Planejamento direcionou a contratação da Consist para a gestão do crédito consignado na folha de pagamento de funcionários públicos federais com bancos privados, interessados na concessão de crédito consignado. De acordo com a apuração, 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários públicos ou agentes públicos com influência por meio de outros contratos fictícios.
Esta não é a única investigação direcionada a Paulo Bernardo. No começo de maio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o ex-ministro, sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), e o empresário Ernesto Kugler. Eles teriam cometido corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações da Lava-Jato, a campanha de Gleisi ao Senado em 2010 recebeu R$ 1 milhão do esquema de desvios de dinheiro da Petrobras. Há indícios de que o dinheiro foi entregue pelo doleiro Alberto Youssef. A quantia teria sido paga em quatro parcelas a Kugler, a pedido de Gleisi e do marido.