CASCAVEL

Ações por abuso de poder político, econômico e religioso pedem a anulação da eleição

Foto: Divulgação/Assessoria
Foto: Divulgação/Assessoria

Cascavel – As eleições municipais de Cascavel, realizadas em 6 de outubro de 2024, com definição no primeiro turno, com 95.168 votos para Renato Silva (PL), que somou 56,41% dos votos válidos estão sendo contestadas judicialmente por dois ex-candidatos: Edgar Bueno (PSDB) e Marcio Pacheco (PP). Ambos ingressaram com AIJE (Ações de Investigação Judicial Eleitoral) na 68ª Zona Eleitoral de Cascavel, acusando o prefeito eleito e seu vice, Henrique Mecabô (Novo), de abuso de poder político, econômico e religioso durante a campanha e pedindo a anulação do pleito.

O ex-prefeito Edgar Bueno, da coligação “Minha Vida é Cascavel”, ingressou com a ação sob o processo de número 0600731-44.2024.6.16.0068, no dia 5 de outubro, um dia antes do primeiro turno. A ação aponta que Renato Silva teria utilizado sua influência midiática, política e econômica para garantir vantagens indevidas durante a campanha.

A denúncia destaca que os meios de comunicação locais, especialmente as rádios CBN Cascavel e Rádio Colméia, ambas de propriedade da família de Renato Silva, teriam favorecido sua candidatura com uma cobertura excessivamente positiva da gestão do prefeito Leonaldo Paranhos, na qual Renato é o atual vice-prefeito.

Além disso, outros veículos de comunicação da cidade teriam sido beneficiados por contratos milionários com a gestão municipal. Um dos pontos apontados na ação é o contrato de R$ 1,8 milhão, firmado entre a Prefeitura de Cascavel e o empresário e dono da Gazeta do Paraná para a locação de um espaço para abrigar a Semdec (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico). O contrato foi firmado em agosto de 2024, próximo ao início da campanha eleitoral.

Segundo os advogados de Edgar Bueno, esse contrato representou uma forma de garantir que os veículos de comunicação do grupo empresarial contratado pelo governo municipal favorecessem Renato Silva e Mecabô, com visibilidade ampliada, enquanto o próprio Bueno teria sido alvo de críticas e de pouca ou nenhuma cobertura positiva. A ação caracteriza essa situação como um “desequilíbrio midiático”, criando uma “luta de David contra Golias”, com os meios de comunicação locais favorecendo de forma desproporcional o candidato vencedor, destaca os argumentos da ação judicial.

Poder Religioso

Por sua vez, o candidato Marcio Pacheco, da coligação “Renovar com Fé em Deus e a Força do Povo”, apresentou outra AIJE, um pouco antes, no dia 29 de setembro, alegando abuso de poder religioso e político por parte da campanha de Renato Silva, a ação foi distribuída sob o processo 0600664-79.2024.6.16.0068. A ação denuncia que líderes da igreja Assembleia de Deus, em especial o pastor Clemersom Silva, teriam utilizado sua influência dentro da comunidade religiosa para coagir fiéis a apoiarem Renato Silva e Mecabô.

De acordo com a denúncia, o pastor Clemersom teria realizado reuniões com obreiros da igreja, nas quais ameaçou aqueles que não apoiassem a candidatura de Silva com a perda de moradia e empregos oferecidos pela instituição religiosa. A ação menciona vídeos gravados durante esses encontros, nos quais o pastor orienta os participantes a não registrarem a reunião e reforça a pressão para que todos seguissem a orientação política da igreja. Frases como “ou você está no barco, ou está fora dele”, foram utilizadas para reforçar o apoio a Renato Silva.

Além das pressões internas na igreja, a denúncia sugere que a nomeação de Marcelo José da Silva como Gestor Territorial do Município, também pode ter sido usada como parte de um pacto entre os líderes religiosos e o governo municipal, com o objetivo de garantir o apoio eleitoral dentro das comunidades evangélicas. Na ação, os advogados de Pacheco requerem a cassação das candidaturas e a inelegibilidade de Renato Silva, Mecabô e outros envolvidos por até oito anos.

Audiência marcada

O juiz Osvaldo Alves da Silva marcou para esta sexta-feira (18), uma audiência de instrução na qual serão ouvidas as testemunhas apresentadas por ambas as partes. O juiz deferiu a produção de provas orais e solicitou que as partes envolvidas apresentassem suas justificativas e provas adicionais antes da audiência.

Anulação da eleição?

Se as acusações forem confirmadas, Renato Silva e Henrique Mecabô poderão ter as candidaturas cassadas, o que resultaria na anulação das eleições de 2024 em Cascavel e na convocação de um novo pleito.

Marcio Pacheco ficou em segundo lugar nas eleições municipais de Cascavel. Ele recebeu 31.852 votos, somando 18,88%, enquanto Edgar Bueno ficou em terceiro lugar, com 29.295 votos, somando 15,59% dos votos. A candidata Professora Liliam (PT) também participou do pleito e ficou em quarto lugar, com 15.384 votos, somando 9,12%.