WASHINGTON ? A procuradora-geral dos EUA, Loretta Lynch, afirmou nesta quarta-feira que a investigação contra Hillary Clinton sobre o uso do seu e-mail privado para assuntos do governo americano enquanto era secretária de Estado será finalizada sem acusações contra a democrata. A declaração confirma a recomendação de terça-feira emitida pelo FBI em favor de Hillary. Mas republicanos vêm criticando a decisão, alegando que Hillary recebeu “tratamento preferencial” das autoridades. hillary0607
“Eu recebi e aceitei a recomendação unânime de que a extensa investigação, que durou um ano, seja fechada e que não sejam apresentadas acusações contra ninguém no alcance desta investigação”, disse a procuradora em nota.
Na terça-feira, o FBI (a polícia federal americana) declarou que ?não há provas que respaldem uma acusação criminal? no caso dos e-mails. Mas a democrata não saiu ilesa: o órgão indicou que ela foi ?extremamente descuidada? e que ao menos 110 mensagens confidenciais ficaram vulneráveis, oito delas com o selo de ?ultrassecreto?.
Em tempos de campanha presidencial, isso pode reforçar as críticas de adversários de que ela não é uma pessoal confiável. O fim da investigação, se por um lado traz alívio à campanha da democrata por não indicar a necessidade de um processo criminal, por outro gera desconforto a Hillary, ao apontar que ela foi, no mínimo, pouco diligente com informações sensíveis à segurança dos Estados Unidos.
? Qualquer pessoa razoável na posição de Hillary Clinton deveria saber que era necessário atuar com mais cuidado ? disse James B. Corney, diretor do FBI, lembrando que todo o Departamento de Estado, na época em que Hillary era secretária, não prestava tanta atenção à classificação dos e-mails. ? É possível que “atores hostis” tenham tido acesso à conta de e-mail pessoal da secretária Hillary ? disse, em outro momento.
A questão dos e-mails assombra Hillary há tempos. Quando ela foi secretária de Estado, entre 2009 e 2013, utilizou servidores pessoais para enviar mensagens da diplomacia americana. Críticos a acusam de ter colocado a segurança nacional em risco. A falta de conclusão da investigação pairava como uma ameaça à viabilidade de sua candidatura.
Para piorar o cenário, Bill Clinton, seu marido e ex-presidente, encontrou-se na semana passada com Loretta Lynch, autoridade que decidiria sobre uma possível acusação contra Hillary. O encontro ocorreu no aeroporto de Phoenix (Arizona), quando os dois esperavam para decolar. Clinton foi, de surpresa, até o avião da procuradora e, segundo ambos, conversaram sobre ?netos e golfe?. Isso gerou mal-estar, a ponto de Lynch ter se comprometido a seguir as orientações do FBI.
Na manhã de sábado, Hillary foi ao órgão e deu um depoimento voluntário de três horas e meia. Cerca de 72 horas após este depoimento, o FBI concluiu as investigações.
Então, a oposição partiu para o ataque. Paul Ryan, presidente da Câmara dos Representantes, disse em comunicado que o anúncio de Comey ?desafia qualquer explicação? e que não processar Hillary ?cria um terrível precedente?. Nesta quarta-feira, o republicano ainda afirmou que o Congresso estudava uma possível ação contra a democrata, argumentando que ela recebeu tratamento preferencial das autoridades.
? Ninguém deve estar acima da lei ? disse Ryan.
A democrata não se posicionou sobre os comentários de Ryan. Na terça-feira, a sua campanha se disse satisfeita com a decisão do FBI, ressaltando que a candidata já assumiu diversas vezes que foi um erro utilizar seu e-mail pessoal na ocasião.
Donald Trump, virtual candidato republicano à Casa Branca, reagiu no Twitter. Afirmou que não considera justo o resultado da investigação do FBI:
?O sistema é fraudado. O General Petraeus ficou em apuros por muito menos. Muito, muito injusto! Como de costume, mau julgamento?, o magnata escreveu no Twitter.