Cotidiano

Com avanço digital, mídias tradicionais buscam novas fontes de receita

SÃO PAULO – Num contexto em que as novas mídias digitais avançam e impõem desafios à produção, distribuição e monetização do conteúdo jornalístico pelos veículos tradicionais, as associações que representam jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão também estão mobilizadas para ajudar na capacitação de seus associados neste novo cenário. Representantes da Associação Nacional de Jornais (ANJ), da Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) explicaram como estão trabalhando no painel que encerrou a Conferência Internacional 2016 da Associação Internacional de Mídia Jornalística (INMA, na sigla em inglês).

Daniel Pimentel Slaviero, presidente da Abert e diretor geral do SBT de Brasília, disse que em 2013 apenas 30% das rádios espalhadas pelo país tinham aplicativos para a internet. Ele afirmou a Abert forneceu mais de mil aplicativos a essas emissoras, além de ter trabalhado para que os celulares de até R$ 500 já saíssem da fábrica com o chip que capta as FMs. Com isso, diz ele, a população de baixa renda não precisa pagar por um pacote de dados. Como o celular é o principal aparelho receptor das rádios atualmente (são 270 milhões de aparelho no país), a audiência é uma das maiores da história.

Ele também destacou as iniciativas da tevês no meio digital. Slaviero citou o caso do Globoplay, aplicativo da TV Globo que permite assistir os programas da emissora no horário e dia desejados pelo celular, tablet ou computador. Já são 5 milhões de dowloads em menos de um ano.

– O desafio será monetizar esses conteúdos, no rádio e tevê. Os conteúdos de qualidade não vão se sustentar apenas pela receita da publicidade nos próximos anos. Será preciso cobrar, mesmo na tevê aberta, para ter acesso na hora e dia desejado – disse Slaviero.

No caso das revistas, Frederic Kachar, presidente da Aner e diretor-geral da Infoglobo, que edita os jornais O GLOBO e EXTRA, destacou que a entidade trabalha para manter o veículo relevante num mercado multiplataforma. Além disso, a Aner foca ma comunicação com o mercado publicitário para que os veículos agreguem valor ao seu conteúdo e despertem a atenção dos anunciantes.

– Também trabalhamos para manter a autoestima do setor, que vem vivendo transformações desde 2013. O ponto agora é buscar um modelo de negócio com novas fontes de receita, como eventos, conteúdo patrocinado e soluções de marketing – disse Kachar, destacando que a revista Vogue, da Editora Globo, e o jornal O GLOBO já fizeram parceria num evento – Veste Rio – para resgatar o mercado de moda no Rio de Janeiro, atraindo estilistas, compradores e interessados de todo o país.

No caso dos jornais, a ANJ tem discutido em comitês formas de buscar novas fontes de receita. O diretor-executivo da ANJ, Ricardo Pedreira, disse que as discussões envolvem o mercado anunciantes, mercado leitor e o comitê editorial de forma a trazer mais integração entre todas as áreas dos jornais.

– Estimulamos os jornais a buscar novas formas de receita através da valorização de seu conteúdo. Já está crescendo a cobrança pelo conteúdo de qualidade no meio digital, mas é preciso união neste momento de mudanças – afirmou ele.

Pedreira destacou iniciativas para fortecelecer o veículo como a digital premium, em que 65 jornais do país publicam no mesmo dia o mesmo anúncio. Também destacou a métrica única, que unificou as audiências online e impressa, dando mais força no mercado anunciante. E citou também o market place, um ambiente digital criado para profissionais de mídia, com informações sobre o meio, para que se planejem campanhas publicitárias.

Também participou do último dia do encontro, Felipe Goron, diretor executivo comercial da Infoglobo, que falou sobre a troca de ideias entre empresas brasileiras e a indústria global de notícias, proporcionadas pelo INMA, que permitem superar os desafios e crescer.