ROMA ? As autoridades italianas investigam casos de negligência ou fraude em construções que poderiam ter contribuído para o elevado número de mortos no terremoto da semana passada no país. Além disso, pediram esforços para assegurar que o crime organizado não se infiltre em contratos de construção lucrativos para a reconstrução das cidades devastadas no desastre.
O promotor-chefe da Direção Nacional Anti-máfia, Franco Roberti, advertiu que, historicamente, o crime organizado tem aproveitado do fluxo de dinheiro público destinado a mitigar os efeitos de terremotos.
? Os benefícios dos clãs mafiosos começam justamente quando o concreto é derrubado ? disse ele.
Outro promotor já investiga se o elevado número de vítimas está relacionado a fraudes nas construções. Moradores das casas destruídas denunciaram construtoras pela utilização de materiais e técnicas inadequadas em uma área de alta atividade sísmica.
Nas aldeias de Sommati, Cossito e Saletta ? situadas na periferia da Amatrice ? as suspeitas do promotor-chefe Giuseppe Saieva se confirmam. De acordo com o jornal ?El País, Saieva denunciou que muitas das casas que ruíram foram construídas com mais areia do que cimento e com vigas muito fracas, incapazes de suportar tetos de concreto pesados.
O terremoto que abalou a região central da Itália na última quarta-feira matou pelo menos 290 pessoas. Entre os mortos há estrangeiros, incluindo 11 romenos, afirmou o Ministério das Relações Exteriores em Bucareste.