BRASÍLIA – Autor da consulta à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) contra a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ), o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) disse nesta terça-feira que já esperava que o parecer do relator, deputado Rubens Pereira (PCdoB-MA), fosse favorável a Maia, por ele ser “muito ligado” ao atual presidente da Câmara. Ele afirmou que mantém sua candidatura e lamentou a judicialização do caso, que segundo ele gera uma situação “atípica” às vésperas do recesso parlamentar, e criticou a “insistência” de Rodrigo Maia em concorrer, mesmo quando há pareceres jurídicos que vão contra essa posição:
– A partir dessa insistência de uma candidatura claramente em dificuldades do ponto de vista jurídico, vamos continuar conversando para tentar buscar um consenso (na base).
O Solidariedade, junto com o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), também pré-candidato na disputa, entrou na semana passada com uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a possibilidade de Maia concorrer em 2017. Hoje, o ministro Celso de Mello abriu prazo para que as partes se manifestem. A Câmara terá dez dias, e em seguida se pronunciam o governo, via Advocacia Geral da União, e a Procuradoria Geral da República. Os prazos não contam durante o recesso, o que na prática leva o trâmite para fevereiro, para depois da eleição da presidência da Casa. A ministra Cármen Lúcia, no entanto, pode decidir a qualquer momento sobre o recurso.
– Vai ser uma campanha judicializada, uma eleição de extrema insegurança e atipicidade pela insistência. Alguns esperavam dele (Rodrigo Maia) um gesto de conciliação, até um gesto de grandeza de pacificar a base e toda a Casa, mas infelizmente não aconteceu. Mas eu respeito – disse Rosso, diplomático.
O deputado contou que já na primeira semana de janeiro vai começar a percorrer o país para conversar com governadores e pedir votos nas bancadas. Perguntado sobre como faria isso, ironizou o fato de não usar avião da FAB, como tem direito o presidente da Câmara:
– De carro, né. Não vou ter avião da FAB, não vou ter assessoria – alfinetou.
Ele afirmou que tentou evitar a judicialização do tema, e que a eleição vai ser uma “navegação difícil” para a Casa:
– Eu fiquei no campo administrativo, porque entendo que é tão claro… Os partidos judicializaram, o que eu tentei evitar, mas realmente a partir de agora vai ser uma navegação difícil – disse.
Questionado sobre o parecer favorável a ele, Rodrigo Maia desconversou:
– Disseram que é bom, mas ainda não li.
Nesta terça-feira, mesmo dia em que o deputado Rubens Pereira apresentou parecer favorável a Rodrigo Maia na CCJ, outros quatro deputados contra-atacaram com votos em separado, todos contra a possibilidade de Maia concorrer: Ronaldo Fonseca (PROS-DF), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Lucas Vergílio (SD-GO) e Expedito Netto (PSD-RO),correligionário de Rosso. A comissão só vai se pronunciar sobre o assunto no ano que vem, após a eleição para a presidência da Casa, já que não haverá mais reuniões da CCJ este ano.