Cotidiano

A Catuaba Selvagem se prepara para chegar aos Estados Unidos

INFOCHPDPICT000065437496RIO – Sabor adocicado, alto teor alcoólico, preço acessível, efeito afrodisíaco e estimulante. Tudo isso está na garrafa da bebida que virou destaque no carnaval carioca de 2017. Para chegar lá, a Catuaba Selvagem montou uma bem costurada estratégia de marketing e vendas para encher cada vez mais copos pelo Brasil. Nos últimos dois anos, dobrou as vendas. Este ano, a previsão da Arbor Brasil ? antiga Comary, que produz a bebida ? é comercializar 38 milhões de litros, igualando o volume previsto para o carro-chefe do grupo, os vinhos da Cantina da Serra. Juntas, as duas marcas vão bater 70% do faturamento total. A Selvagem se prepara agora para exportar, de olho no mercado americano.

? O reposicionamento da marca veio num esforço para melhorar a performance e a rentabilidade. Fizemos uma pesquisa que mostrou rara aceitação da bebida por diversos tipos de consumidores. Trabalhamos com esse trunfo ? diz Marco Tulio Hoffmann, diretor executivo da Arbor Brasil.

Para dar conta da sede dos ?Catulovers?, como a marca chama seus consumidores, a Catuaba Selvagem teve a produção ampliada em meados do ano passado de uma para duas linhas da fábrica da Arbor em Teresópolis, Região Serrana fluminense, de onde saem também outras bebidas do grupo, como o Ice Syn, o energético Red Hot e a cerveja Therezópolis. As duas linhas funcionam em dois turnos, com capacidade ociosa suficiente para ampliar o abastecimento do mercado regional e chegar a outros balcões e Catulovers fora do país.

? Em meados de 2016, pedimos autorização para entrar no mercado americano. Assim que tivermos aprovação, faremos pesquisa de mercado, para definir foco em embalagem, distribuição de produtos e mercado consumidor. A ideia é começar por Miami, na Flórida ? conta Hoffmann, que considera também mercados como a Argentina e outros com presença latina.

AFRODISÍACA E ESTIMULANTE

Para cair no gosto dos brasileiros, o ponto de partida foi a tradição no mercado. A marca tem mais de 26 anos em bares de todo o país, servida em doses, como é feito com rum e vodca, por exemplo. Todo o conceito por traz do rótulo do casal sensual ? com traço do ilustrador gaúcho Benício ? é de um romantismo sensual e arrebatador, sem desbancar para o ?mau gosto?, diz Hoffmann.

E, para matar a sede dos curiosos, é verdade: a catuaba tem, sim, propriedades afrodisíacas, explica a médica do Esporte e nutróloga Flávia Pinho:

? A erva tem um efeito vasodilatador e estimulante. Não funciona como um Viagra farmacológico, mas tem essa propriedade. A questão é que, neste caso, é uma bebida alcoólica. E isso pede atenção no consumo.

INFOCHPDPICT000065510647Para quem vai evoluir atrás de um bloco pelas ruas, a bebida traz efeito de euforia, com 14% de teor alcoólico, próximo ao do vinho, mas não dá sono. E tem preço inferior ao de outros produtos. A Selvagem tem duas opções de embalagens, de um litro, com preços entre R$ 10 e R$ 12, e a de 300ml (a Catuzinha), a R$ 4, conta o diretor da Arbor.

? A Selvagem dá para se beber aos poucos, ao longo do dia. Isso prolonga o estado de espírito que a bebida te proporciona ? diz Hoffmann.

A Catuzinha chegou ao mercado com novo visual ? idêntico ao da garrafa de um litro ? bem a tempo das festas de fim de ano e para o esquenta do carnaval. É saída também interessante para o reajuste de 15% nos preços feito em 2016, em consequência à quebra da safra da uva no Sul do país. É que, na garrafinha, entram vinho tinto e plantas como catuaba, marapuana e extrato de guaraná.

O segmento de festas têm sido um dos fios condutores para ampliar o consumo da Selvagem. Em 2016, a Arbor participou de mil eventos no país. A Catuaba estava em metade deles. A meta para este ano é dobrar para dois mil. É o caminho para fazer o consumidor experimentar o produto.

A frente fundamental para ganhar mercado está na atuação em mídias digitais. A página da Catuaba Selvagem no Facebook chegou a janeiro deste ano com 221.921 curtidas, quase o dobro de um ano antes, segundo a Pro Brasil, a agência mineira responsável pelo reposicionamento da marca. Passado o carnaval, já bateu 255.436.

? A bebida é sucesso por ser um típico exemplo de produto bom, bonito e barato. Tem um bem-feito e inteligente trabalho de marca, com sintonia precisa junto ao consumidor ? avalia Antonio Carlos Morim, coordenador da pós-graduação em Marketing e Inteligência de Mercado da ESPM-Rio, explicando que a Catuaba Selvagem conseguiu destaque logo após a Copa do Mundo de 2014, depois, ganhou as noites e, enfim, o carnaval.

POLÊMICA COM CERVEJA

Para ganhar espaço na preferência dos foliões, continua ele, a Catuaba tem de brigar principalmente com as grandes marcas de cerveja. Vem fazendo isso com precisão cirúrgica.

No início deste ano, a Proibida lançou o sabor Puro Malte Rosa Vermelha Mulher. Visto com viés machista por alguns consumidores, abriu polêmica na web. A Selvagem subiu uma imagem no Facebook com a frase ?A família Selvagem é pra geral?, enquanto a postagem deixava clara a mensagem: ?Não tem segredo. Goró de mulher é o goró que ela quiser?.

? Nossa ênfase é no conceito em que acreditamos, falando em liberdade, respeito, amor e alegria, para descolar de comportamentos machistas e agressivos. Não temos campanhas e ações falando sobre nichos específicos. Nosso público é de jovens, adultos, homens e mulheres ? pondera Hoffmann.

Toda a atuação da marca no carnaval seguiu esse ritmo, ao som de uma composição criada em parceria com a Banda Uó, ?Respeita as mina?. No Facebook da marca desde o último dia 20, o hit já superou 1.400 compartilhamentos.

Também em janeiro, um internauta postou um vídeo sobre a existência de larvas nas garrafas da Catuaba com Açaí. A marca compartilhou o vídeo, esclareceu se tratar de sedimentos do açaí, que desaparecem ao agitar a garrafa, como recomendado no rótulo do produto lançado no ano passado.

? Com as redes sociais, não se tem total controle sobre a marca. Há postagens com milhares de visualizações e compartilhamentos feitas espontaneamente sem nossa autorização. Como queremos estar aliados aos bons momentos, reforçamos nosso posicionamento ? ensina o diretor.