PARIS ? A polícia francesa prendeu 17 pessoas na madrugada desta quarta-feira, a quarta noite consecutiva de confrontos na periferia de Paris. A onda de violência começou após policiais terem sido acusado de estuprarem e espancarem um jovem morador da região que havia sido detido. Nos confrontos, dezenas de veículos e uma creche foram incendiados por jovens. Outras 26 pessoas já tinham sido presas em decorrência das noites de violência em Aulnay-sous-Bois.
Além de danificarem a creche e uma loja de automóveis, os jovens também usaram um carrinho de compras repleto de coquetéis molotov nos confrontos, disse a polícia. A confusão começou em 2 de fevereiro, quando quatro policiais foram acusados de usar força excessiva ao prender um jovem de 22 anos da região, que teria sido estuprado pelos agentes de segurança com um cassetete.
Os quatro policiais foram suspensos e estão à espera de um inquérito. Um deles está sendo investigado formalmente por suspeita de estupro, e os outros três por violência desnecessária.
A vítima, um jovem negro, pediu calma. Ele e seus familiares dizem confiar que a Justiça lidará com o assunto adequadamente. O presidente francês, François Hollande, visitou o jovem na terça-feira no hospital de Aulnay.
Esta é a mesma região que registrou uma série de distúrbios em 2005. O episódio de doze anos atrás chamou a atenção do mundo para o impressionante contraste entre a Paris rica, mundialmente conhecido por turistas, e os subúrbios precários que cercam a capital francesa.
Embora muito mais limitados do que há 12 anos, os tumultos desta semana serviram como lembrete das tensões latentes em bairros precários. Estas áreas registram índices de desocupação acima da média francesa e grandes populações de imigrantes. O desemprego em Aulnay-sous-Bois é quase o dobro da média nacional de 10 por cento.
? Lamentavelmente, estes bairros se tornaram guetos? disse o representante de polícia Yves Lefebvre, que reconheceu que os agentes envolvidos na história não foram suficientemente treinados e equipados para lidar com os problemas da periferia, onde o tráfico de drogas se faz muito presente.