RIO ? Quase metade das espécies animais do planeta estão falhando em lidar com o aquecimento global, de acordo com um novo alarmante estudo que sugere que a sexta extinção em massa da vida animal na história da Terra poderia ocorrer em apenas 50 anos.
Importante biólogo que estuda evolução e autor desta recente pesquisa, John Wiens descobriu que 47% de quase mil espécies sofreram extinções locais ligadas à mudança climática, com populações ausentes de áreas onde haviam sido encontradas anteriormente.
O professor Wiens, editor da “Quarterly Review of Biology” e vencedor do Prêmio Presidencial da Sociedade Americana de Naturalistas, disse que as implicações para o futuro são graves porque seu trabalho mostrou que plantas e animais estavam lutando para lidar com a quantidade relativamente pequena de aquecimento global que foi experimentado até hoje.
Até agora, o mundo tem aquecido cerca de 1 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, mas espera-se que atinja entre 2,6 e 4,8 graus Celsius até 2100 se nada for feito para reduzir os gases de efeito estufa.
Outro problema que enfrenta a vida na Terra é a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA, avalia o professor. Trump nega a existênica do aquecimento global.
Professor da Universidade do Arizona, nos EUA, Wiens descreveu a eleição do bilionário como um “desastre global” e, quando perguntado pelo jornal “The Independent” o que ele diria ao presidente eleito se o conhecesse, ele brincou de forma um tanto sombria: “Mate-se imediatamente”, sugeriria ele a Trump.
Em seu estudo, publicado na revista “PLOS Biology”, o cientista examinou artigos acadêmicos sobre 976 espécies diferentes de todo o mundo que tinham sido estudadas pelo menos duas vezes: uma vez há cerca de 50 anos e novamente nos últimos 10 anos.
? Em quase metade das espécies examinadas, já houve extinções locais ? pontuou ele. ? Isso é algo que já aconteceu como resultado de uma mudança relativamente pequena no clima. Estamos vislumbrando a probabilidade de um aumento de duas a cinco vezes [no aquecimento global durante o próximo século]. E essas extinções locais mostram que as espécies não estão conseguindo mudar rápido o suficiente lidar com essas mudanças. Esta é a grande implicação: mesmo uma pequena mudança na temperatura é demais para os animais.
O estudo analisou 716 diferentes tipos de animais e 260 plantas da Ásia, Europa, América do Norte e do Sul. Ocorreram extinções locais entre 47,1% das espécies na “borda quente” da sua área de distribuição tradicional, uma vez que se tornou demasiado quente para elas. Poucas áreas do planeta não foram afetadas.
? Em geral, a frequência de extinções locais foi semelhante na maioria das zonas climáticas e habitats ? disse ele.
Entretanto, o professor Wiens descobriu que as extinções locais relacionadas ao clima eram “substancialmente mais altas” entre as espécies de água doce.
Acredita-se que a taxa atual de extinção global de animais e plantas seja mais rápida do que alguns dos cinco grandes eventos de extinção na história da Terra, mas até agora o número total de seres perdidos não se compara com as espécies perdidas quando os dinossauros foram varridos há cerca de 65 milhões de anos.
? Infelizmente, estamos caminhando para que isso acontecça [a sexta extinção em massa] em talvez 50 anos ? disse Wiens.