RIO – Produtor e roteirista de ?Vikings?, o inglês Michael Hirst faz questão de
ressaltar que a série ? cuja segunda parte da quarta temporada estreou anteontem
no Fox Action e é exibida toda quarta, à 1h ? não é uma história ?para machos?,
devido às cenas de combate e violência que retratam a trajetória do guerreiro
viking Ragnar Lothbrok (Travis Fimmel) na Escandinávia do século XIX. Trata-se
de uma trama que mostra a diferença entre o paganismo e o cristianismo.
? É uma série sobre fé, um programa que leva a religião
a sério. É uma série para famílias. Você se importa com os personagens. Você se
importa com Ragnar, suas mulheres e seus filhos. Espero que ninguém deixe de ver
por conta do título ? torce o showrunner e roteirista da atração,
durante entrevista por telefone com jornalistas da América Latina.
Nestes novos episódios, Ragnar retorna ao vilarejo de Kattegat, entre a
Dinamarca e a Suécia, após um confronto com Rollo (Clive Standen), seu irmão
mais velho. O tempo passou, os filhos cresceram. E o guerreiro tenta recuperar
seu prestígio perante a família, mas enfrenta resistências.
? Ragnar voltou, está desafiando os filhos. Passou muito
tempo longe e não é mais aquele líder glamouroso ou carismático. É um momento
novo para ele e para a história ? avalia Hirst, afirmando que, sim, o show pode
continuar mesmo que o protagonista morra, como de fato aconteceu na história
real dos vikings. ? O programa não é sobre a saga dele, é sobre a dele e a dos
filhos, dos mais famosos vikings. E Ragnar nunca desaparecerá. Viverá em sua
reputação e no que construiu.
Desde que começou a se aprofundar no legado dos vikings, Hirst procura se
manter o mais fiel possível ao que aprendeu em suas minuciosas pesquisas sobre o
povo, que viveu nas chamadas ?dark ages? ? ou seja, não há muitas informações
sobre o que de fato aconteceu naquele período.
?Não é documentário?
Porém, admite que precisa dar asas à imaginação já que escreve um programa de
TV.
? Não é documentário, é entretenimento. Sou o mais fiel que posso à verdade.
Ao mesmo tempo, é um drama que precisa de personagens carismáticos, que
despertem a empatia. Meu comprometimento é escrever histórias que envolvam e
cativem quem está assistindo ? explica Hirst.
E em sua história, o roteirista faz questão de mostrar um lado pouco
conhecido dos guerreiros nórdicos:
? Muito do que se sabe sobre eles foi escrito por
cristãos, daí nosso pensamento de que são um povo assustador e violento. As
mulheres, por exemplo, podiam se divorciar, ser donas de terras. Elas lutavam
com seus maridos e seus filhos.
Mas mesmo com algumas licenças poéticas, Hirst diz que ?Vikings? não pode ser
comparado, de forma alguma, a outras séries do gênero, como ?Game of
thrones?.
? Ela é inspirada num livro de ficção, os personagens
morrem e voltam à vida. Na minha série não acontece isso de jeito nenhum. Nosso
embasamento é a História. Adoro pegar personagens das páginas dos livros e dar a
eles uma vida ? afirma ele, que esteve à frente da série ?The Tudors?
(2007-2010) e dos filmes ?Elizabeth? (1998) e ?Elizabeth: The golden age?.