Saúde

Enfermagem: CNSaúde vai encaminhar proposta para o piso nacional no dia 17

UTI  do Hospital Santa Clara, em Colorado, na região Norte do Paraná.   03/08/2020 -  Foto: Geraldo Bubniak/AEN
UTI do Hospital Santa Clara, em Colorado, na região Norte do Paraná. 03/08/2020 - Foto: Geraldo Bubniak/AEN

A CNSaúde (Confederação Nacional de Saúde), que representa o setor privado, deve apresentar uma nova proposta afim de chegar a um bom termo para a implementação do piso salarial dos enfermeiros, técnicos em enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras de todo o país em nova reunião no dia 17 de novembro. Por meio de nota, a Confederação disse que vem buscando a mediação do TST (Tribunal Superior do Trabalho) para encontrar alternativas que viabilizem a medida.

O TST não aceitou a proposta apresentada pela entidade patronal na última negociação unilateral com a CNSaúde. Por ter sido rejeitada a proposição, o documento não será levado à categoria dos trabalhadores. Durante o encontro, a CNSaúde propôs o parcelamento dos reajustes por um prazo de até 3 anos. Porém, o vice-presidente do Tribunal, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, considerou a proposta incapaz de atender aos interesses da enfermagem e, portanto, foi descartada.

O Cofin (Conselho Federal de Enfermagem) se manifestou e disse que defende a aplicação integral do piso salarial em todo o território nacional, conforme amplamente pactuado e votado no Congresso Nacional. Na opinião do vice-presidente da instituição, Antônio Marcos, é preciso resolver esse impasse o quanto antes.

“Se coloca uma série de dificuldades, inclusive para exercício profissional, quando demite técnico, quando demite enfermeiro, indo na contramão daquilo que a gente imagina que é o reconhecimento do profissional com piso, mas é revertido isso tudo numa melhoria da qualidade da assistência à população brasileira. Os principais entraves se encontram aí”, analisa.

De acordo com a legislação e nos termos da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), o piso é de R$ 4.750 para enfermeiras e enfermeiros, R$ 3.325 para técnicas e técnicos e R$ 2.375, para auxiliares e parteiras. Conforme o Cofen, os valores pactuados são fruto de ampla negociação, levando em conta a realidade econômica, e visam erradicar baixos salários.

Alterações no repasse

Algumas mudanças técnicas referentes ao repasse chegaram a ser feitas. O Ministério da Saúde publicou a Portaria GM/MS nº 1.677, de 26 de outubro de 2023, que altera a Portaria GM/MS nº 6, de 28 de setembro de 2017, sobre a regulamentação dos salários. A partir de agora, a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES)será responsável pela operacionalização do repasse da assistência financeira complementar da União.

A revisão justificada das informações relativas a meses anteriores, ou seja, meses que já tiveram o repasse efetivado através de transferência fundo a fundo, também teve alteração. A solicitação agora deve ser feita pelos entes federados junto à SGTES/MS. De acordo com o Ministério da Saúde, a solicitação poderá ser realizada até o dia 15 de cada mês, sendo o resultado implementado até o final do mês subsequente ao da deliberação.

Conforme a portaria, o repasse das duas parcelas no mês de novembro será referente ao respectivo mês de competência e ao complemento para pagamento do 13º salário ainda no ano de 2023.

Em 21 de agosto, o Ministério da Saúde fez o primeiro repasse adicional aos estados e municípios do piso nacional da enfermagem. Até o fim de 2023, foi definido o pagamento de nove parcelas, incluindo o 13º salário. Os valores praticados são: enfermeiros: R$ 4.750, técnicos de enfermagem: R$ 3.325 e auxiliares e parteiras: R$ 2.235.

Impacto financeiro preocupa

O advogado especialista em direito do trabalho, Donne Pisco, explica que a lei acabou sendo objeto de questionamento da CNSaúde, hospitais, estabelecimentos e serviços que argumentavam a excepcionalidade da lei, podendo causar impactos remuneratórios e de empregabilidade. Segundo Pisco, a perspectiva agora é de que os sindicatos consigam construir uma solução conjunta.

“A expectativa é de que se encontre uma solução que permita atender os interesses dos enfermeiros sem que isso tenha como consequência a impossibilidade de acomodação orçamentária desse novo custo, impactos na empregabilidade gerando eventualmente uma redução e uma demissão de enfermeiros que não é, obviamente, o propósito da lei”, observa.

A CNM (Confederação Nacional de Municípios) entende que a não inclusão do recolhimento de encargos patronais gerará ainda mais desequilíbrio nos municípios, em especial nas localidades mais pobres. Segundo as estimativas da entidade, realizadas em setembro de 2022, do impacto global de R$ 10,5 bilhões, ao menos 24% (R$ 2,5 bilhões) seriam pagamentos das prefeituras a título de encargos patronais.

Foto: AEN/Arquivo