E a pecuária de corte ainda permanece no sobe e desce da gangorra de preços. Com base na mais recente cotação, a arroba do boi bruta vale hoje no oeste do Paraná, R$ 240. O cenário não é dos mais animadores, mas é bem melhor do que o verificado em outros centros produtivos do Brasil como, por exemplo, no Paraná e no Mato Grosso, onde a arroba está valendo R$ 210, conforme mostra a Scot Consultoria na última semana.
Em entrevista concedida para o Jornal O Paraná, Lindonez Rizzotto, presidente da Padrão Beef, frigorífico com sede em Lindoeste, admitiu a oscilação do valor da arroba no Oeste do Paraná. “Temos uma boa oferta de bovinos, porém, baixo consumo por parte dos varejistas e por parte do consumidor”, observa. Esse cenário faz com que predomine uma tendência de baixa, apesar do momento de estabilidade. “Grande parte da indústria está com as escalas completas e isso faz com que a oferta aumente e, consequentemente, o preço diminua”.
Em um curto prazo, não há expectativa de melhora na comercialização de carnes e de bovinos prontos para abate. “Realmente é um fator complicador para o produtor”. Isso porque, segundo Rizzotto, o preço da alimentação, embora há registro de baixa no farelo de soja e no milho, ainda não está compensando, uma vez que os animais adquiridos na época a preços elevados, estão em fase de terminação. “Esses fatores fazem com que o produtor continue trabalhando no vermelho. Porém, a expectativa é de que no fim deste mês de agosto e início de setembro, haja uma reação, com uma estabilidade de preço e uma menor oferta de bovinos”.
Conforme Lindonez, o setor espera que a arroba atinja um patamar de estabilidade, em que o produtor possa fazer o planejamento e organizar a produção. “Estamos na expectativa de que em setembro tenhamos um preço da arroba entre R$ 250 e R$ 260”, almeja. “Observamos que esse período negativo na produção de bovinos está fazendo com que aqueles produtores que não são efetivamente da área se retirem do mercado, resultando na redução do número de bovinos, provocando a estabilidade”.
Declínio na exportação
O Brasil registrou um declínio no volume de carne bovina exportada no mês passado, encerrando um primeiro semestre que havia sido marcado pelo segundo melhor desempenho da história para o período.
Dados da Secex baseados no Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, mostram que as exportações totalizaram 160,80 mil toneladas, representando uma queda de 16,57% em relação a junho de 2023 e 3,88% a menos do que o registrado em julho de 2022.
Para os pesquisadores do Cepea, trata-se do menor volume escoado pelo país em um mês de julho desde 2019. Uma das principais causas é a queda nos preços pagos pela proteína. O valor médio da carne exportada no mês de julho foi de US$ 4.740,31, o menor desde março de 2021 e representou uma redução de 6,21% em relação a junho de 2023 e um expressivo decréscimo de 27,62% em relação a julho de 2022.
Esse cenário de números negativos no mercado internacional encontra justificativa no momento atual da economia mundial. Além disso, a alta inflação, a elevação da taxa de juros e o aumento da produção de alimentos em alguns países têm impactado diretamente o setor de exportação de carne bovina brasileira.
Com essas condições econômicas, os produtores de carne bovina no Brasil enfrentam desafios para manter a competitividade no mercado internacional. As perspectivas para os próximos meses permanecem incertas, pois dependerão da evolução da situação econômica mundial e de medidas que possam ser tomadas para enfrentar os desafios apresentados. As autoridades governamentais e os agentes do setor deverão trabalhar em conjunto para buscar soluções e estabilidade para a indústria de carne bovina no país.
Foto: AEN