Cascavel – Ainda é muito precoce mensurar os danos provocados pelas chuvas registradas há poucos dias na Região Oeste. As chuvas torrenciais registradas no mês de fevereiro superaram a média histórica em grande parte dos municípios do Oeste. Esse volume descomunal de água provocou danos nas lavouras e comprometeu a qualidade da soja no campo.
Para a economista do Deral (Departamento de Economia Rural) ligado à Seab (Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento), regional de Cascavel, Jovir Esser, o principal impacto é com relação à Safra de Verão, em virtude no atraso da colheita. Na regional Cascavel, envolvendo 28 municípios, pouco mais de 50% da área de soja foram colhidas, com base em levantamento feito no início da semana. No dia 28 de fevereiro expirou o prazo para o plantio do milho segunda safra dentro do zoneamento agrícola. Para Jovir, estes são os fatores implicantes nessa questão.
“Primeiro que, plantando após o dia 28 de fevereiro, o produtor passa a não ter cobertura do seguro e de uma maneira geral, já envolvendo outro ponto, quanto mais tardio o plantio do milho segunda safra, a produtividade tende a reduzir, pois está fugindo da janela ideal de plantio na região”, explica a economista do Deral. A junção desses fatores culmina com uma redução da área de plantio em relação à safra anterior. “Havíamos estimado dentro do núcleo regional da Seab em Cascavel, uma redução de aproximadamente 10% na área”, comenta.
“Não é possível saber exatamente quanto vai ser, pois o produtor poderá optar pelo plantio fora do zoneamento agrícola e sem cobertura de seguro. Também tem outra questão, pois terá produtor que vai escolher pela devolução da semente adquirida anteriormente e terá de desembolsar uma multa contratual. Então são diversos fatores que levam o produtor a analisar o caminho menos dolorido a seguir”.
Muitos produtores têm analisado o custo-benefício se compensa ou não realizar o plantio mesmo fora do zoneamento e assumir o risco, ou simplesmente desembolsar a multa contratual pela devolução da semente. Ou também se vai migrar para o trigo ou se utilizará a área meramente para cobertura. “Estamos ainda em uma situação de definição por conta do produtor sobre o que ele vai fazer”.
SOJA
Já com relação à soja, há um ano, nesse período, a área de abrangência do núcleo regional da Seab estava com 90% da área colhida. No último relatório de segunda-feira, o total era de 52% da área colhida na região. “Até hoje [ontem], a área colhida se aproximava de 70%,80%, porque tivemos, de sábado para cá, uma trégua das chuvas. Ao longo de fevereiro e primeiros dias de março, foram dias de maior concentração de chuva e isso atrasou aceleradamente a colheita da soja. Mesmo assim, há um significativo atraso em relação a 2022, comprometendo esses municípios cujo zoneamento expirou em 28 de fevereiro para o plantio do milho segunda safra”.
Ainda sobre a soja, há uma diversificação considerável quando o assunto é produtividade. Conforme Jovir Esser, a maior concentração de áreas avançadas, perto do fim da colheita, fica na região dos municípios de São Miguel do Iguaçu, Itaipulândia, Missal e Santa Terezinha de Itaipu. O menor índice de média de produtividade na região é em Itaipulândia, com 1.500 quilos por hectare. Já em Cascavel, a média é de 4.200 quilos por hectare e a maior produtividade do núcleo, fica em Nova Aurora, com média de 4.400 quilos por hectare. Com base nesses números, estima-se uma produtividade média na área de abrangência do núcleo regional da Seab em Cascavel, de 3.520 quilos por hectare, ante uma estimativa inicial de 4 mil quilos por hectare.
Apesar dos números, o ponto positivo é o avanço da produção em 200%, comparada ao mesmo período do ano passado, bastante castigado pela estiagem. Em contrapartida, o valor da saca da soja está 18% inferior ao período anterior. “Mas essa diferença de preço está compensando com o resultado final da produção”. A saca da soja de 60 quilos está cotada a R$ 154.
O produtor tem aproveitado a janela de tempo seco na região. Mesmo assim, tem efetuado o plantio em uma umidade de solo acima do aceitável, que é de 14%. Ao colher o grão com umidade superior, certamente haverá desconto, por conta das impurezas e palhada não muito seca. “Nas áreas dessecadas anteriormente, atrasou muito a colheita, gerando avaria em alguns grãos”, comenta. “Porém, com tudo isso ainda não dá para fazer um fechamento final, uma vez que estamos no andamento da colheita e só será possível mensurar as perdas reais com o encerramento da safra e apontar o percentual comprometido da qualidade do grão”.
foto: Divulgação
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Ratinho Junior segue apresentando carnes do Paraná aos grande do mercado japonês
Curitiba – O governador Ratinho Junior participou ontem (8) de uma série de agendas com empresários em Tóquio, no Japão. Após o encontro com o vice-ministro da Agricultura do país asiático, que teve como objetivo abrir o mercado de importação de carne suína e bovina, ele apresentou a representantes comerciais de grandes empresas como Sumitomo, Mitsui e Marubeni, que adquirem alimentos em todo o mundo, as possibilidades que elas podem encontrar no Paraná, o principal produtor de proteína animal do Brasil.
O Japão já é um dos maiores mercados importadores da produção estadual de frango, mas o objetivo é ampliar as exportações das demais cadeias. Ratinho Junior apresentou o trabalho das cooperativas paranaenses aos empresários, destacou as potencialidades do Estado na produção de carnes suína e bovina, além da industrialização de alimentos, e ressaltou que o Paraná está preparado para negociar com o país asiático.
Um dos encontros foi com o grupo Sumitomo, que já tem uma relação comercial estabelecida com o Estado e anunciou recentemente um investimento de R$ 1 bilhão na fábrica de pneus em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. O encontro quer expandir os negócios com a empresa, uma das maiores compradoras de alimentos do mundo.
“Falamos com o presidente do grupo porque, além do negócio automotivo, eles são grandes compradores de alimentos no mundo. Nosso objetivo é que o Paraná passe a fornecer proteína animal para o Japão e para alguns países da Ásia”, destacou o governador.
Outra agenda foi com a Mitsui Busan, conhecida por grandes investimentos em infraestrutura, alimentos e bebidas, produtos industriais, serviços financeiros, imobiliário, varejo, expedição, logística, entre outros. A empresa é uma das acionistas da Compagas. A ideia é que o grupo também passe a comprar alimentos do Paraná.