Saúde

Covid: Sem vacinação, Brasil tem uma morte por dia entre crianças de 6 meses a 5 anos

Neste ano foram 4 óbitos, sendo 3 bebês de 1 mês, 6 meses e 9 meses e uma criança de 4 anos

Vacinação Sarampo. 22/08/2019. Foto: José Fernando Ogura/AEN
Vacinação Sarampo. 22/08/2019. Foto: José Fernando Ogura/AEN

Cascavel – Desde o começo da pandemia da Covid-19 o medo de perder a luta para a doença acabou se instalando em todo o mundo e uma verdadeira corrida para resolver o problema, que era a produção de uma vacina passou a ser o principal objetivo dos profissionais da área, que em todos cantos do mundo, se debruçaram a pesquisar e estudar como combater o novo vírus. Muitas pessoas perderam seus entes queridos para a doença e vacinação em massa movimentou milhões de pessoas.

Contudo, mais recentemente, a vacina acabou sendo deixada de lado, com a queda de casos e de óbitos, o que se transformou em uma grande preocupação as autoridades de saúde. E um dos públicos mais resistentes a vacinação são os pais crianças e adolescentes, que não estão levando os filhos se imunizarem, mesmo tendo vacinas disponíveis para todas as idades, inclusive para bebês acima de 6 meses de idade. Um levantamento feito pela 10ª Regional de Saúde de Cascavel, apontou que de 2020 até hoje, sete crianças morreram em decorrência da Covid-19 nos 25 municípios de abrangência da regional, sendo quatro delas de Cascavel.

No ano de 2021 foram 3 óbitos das vítimas de 11 meses, 1 ano e 5 anos. Neste ano foram 4 óbitos, sendo 3 bebês de 1 mês, 6 meses e 9 meses e uma criança de 4 anos. Daniel Fontoura Loss, chefe da Vigilância Epidemiológica da 10ª Regional de Saúde, lembrou que tem vacina para toda a faixa etária acima de 6 meses e que a população deve tomar consciência da importância da imunização.

Cenário preocupante

Quando se toma como base o cenário nacional, os dados são ainda mais alarmantes. Entre 1° de janeiro e 11 de outubro de 2022, o Brasil registrou uma morte por dia entre crianças de 6 meses a 5 anos diagnosticadas com Covid-19. No total, foram 314 óbitos nessa faixa etária no período. Os dados analisados pela equipe do Observa Infância da Fiocruz são os mais recentes do Sistema de Informações sobre Mortalidade e compreendem óbitos em que a Covid-19 foi a causa básica e aqueles em que a doença foi registrada como uma das causas associadas.

Em 13 de julho, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso emergencial da vacina Coronavac em crianças de 3 e 4 anos. Dois meses depois, em 16 de setembro, a Pfizer pediátrica foi aprovada pela agência para uso emergencial em bebês e crianças de 6 meses a 4 anos.

No entanto, a imunização de crianças contra a Covid-19 avança em ritmo lento no Brasil.

Segundo dados do Vacinômetro Covid-19 do Ministério da Saúde analisados pelo Observa Infância em 28 de novembro, apenas 7 de cada 100 crianças de 3 e 4 anos receberam as duas doses da vacina. Do total de 5,9 milhões de crianças nessa faixa etária, somente 1.083.958 tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid-19, enquanto 403.858 completaram a imunização com a segunda dose.

“Com vacinas disponíveis, podemos considerar a Covid-19 uma doença imunoprevenível. Isso significa que essas mortes podem ser evitadas com uma política pública de vacinação em massa”, afirmou a coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini. O observatório é uma iniciativa de divulgação científica para levar ao conhecimento da sociedade dados e informações sobre a saúde de crianças de até 5 anos, com objetivo de ampliar o acesso à informação qualificada e facilitar a compreensão sobre dados obtidos junto a sistemas de informação nacionais.

Foto: AEN