Economia

Brasileiro reduz 30% consumo de carne e corta o churrasco

A queda no consumo da carne vermelha chega a 30%, disse o presidente da Padrão Beef, Lindonez Rizzotto

Brasileiro reduz 30% consumo de carne e corta o churrasco

Cascavel – Desde o início da pandemia do novo coronavírus, decretada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em março de 2020, a população brasileira se viu obrigada a promover algumas mudanças nos seus costumes incluindo, inclusive, aquele tradicional churrasco nos fins de semana. A queda no consumo ocorreu também pelo impacto econômico e consequente baixo poder de compra no consumidor. O custo elevado do quilo da carne levou o brasileiro a adotar novos hábitos alimentares, trocando a carne de boi por suíno e aves.

A queda no consumo da carne vermelha chega a 30%, disse o presidente da Padrão Beef, Lindonez Rizzotto, em entrevista concedida ontem (23) ao O Paraná. O preço da arroba do boi em frigoríficos normais na está na casa dos R$ 295. Já a arroba da carne Premium, é comercializada a R$ 310. “Essa diferença da carne tradicional para a Premium é uma bonificação em conformidade com o acabamento dos animais de gordura, idade e peso da carcaça. Por isso, ela é mais valorizada”, explica Rizzotto. Outro fato relevante é que esta carne Premium é do cobiçado “novilho precoce”.

Em relação ao comportamento dos frigoríficos, o presidente da Padrão Beef comenta que eles estão alongando as escalas para que possam baratear ainda mais a arroba. Entretanto, com a volta da comercialização para o mercado chinês, tudo indica que os valores tendem a permanecer dentro dos atuais patamares ou até mesmo aumentar.

Sobre uma perspectiva de redução dos preços ao consumidor, Lindonez Rizzotto considera essa possibilidade “bastante difícil”. No último trimestre, por exemplo, há uma expectativa de alta no preço da arroba em virtude da entressafra. “Infelizmente, o consumo per capita de carne bovina caiu muito. O consumidor tem optado mais pelas carnes suína e aves, proteínas que não têm tido muita variação nos preços e se encontra em um patamar bom para aquisição por parte do consumidor e ruim, no caso do produtor de suínos”, avalia. “Como não há sazonalidade nisso tudo, não vejo muita perspectiva em relação à redução nos preços nas gôndolas dos supermercados”.

Menos churrasco

No Açougue Recanto da Carne, localizado na rua Fortaleza, no bairro Tropical, em Cascavel, o gerente Victor Binotto também confirma uma redução no consumo de carne, mais especificamente nos cortes para churrasco. “Durante a semana, o consumo de bife, coxão mole, carne moída, entre outros, se manteve, o que não aconteceu com as peças de ancho, chorizo, e outros mais nobres”.

Em três anos e meio, é a primeira vez que Binotto sente os reflexos da queda no consumo de carne para churrasco. “No começo da pandemia, teve uma alta expressiva nas vendas, com a população estocando a carne. Agora, com o cenário pandêmico mais flexível, o mercado apresenta novo comportamento”.

Exportações recuam

Depois de crescerem 46% em fevereiro e em média estarem com movimentação acima de 20% no acumulado dos primeiros sete meses do ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior, as exportações totais de carne bovina (somando in natura mais processadas), diminuíram seu ritmo pelo segundo mês seguido e subiram 6,25% em julho. No mês, foram movimentadas 203.742 toneladas, contra 191.765 toneladas em julho de 2021. As receitas com o produto, que acompanham as altas das commodities no exterior, proporcionaram divisas de US$ 1,231 bilhão em julho de 2022, aumento de 21,8% em comparação com julho de 2021, que foi de US$ 1,010 bilhão.

No acumulado do ano, a Abrafrigo informou que, até julho, as exportações totais de carne bovina atingiram 1.293.071 toneladas frente a 1.071.772 toneladas no ano passado, no mesmo período, com elevação de 20,65%. A receita, em 2021, por sua vez, foi de US$ 5,095 bilhões e nos sete primeiros meses de 2022 subiram para US$ 7,471 bilhões, alta de 46,65%, acompanhando os bons preços internacionais.

China é o principal comprador

Entre os 20 maiores clientes do Brasil, a China vem na primeira colocação com um aumento de 50,07% nas suas compras. Em 2021 elas foram de 493.686 toneladas, com receita de US$ 2,5 bilhões. Em 2022, as importações do país asiático subiram para 665.014 toneladas e a receita para US$ 4,64 bilhões. Com isso, a participação da China nos embarques totais dos primeiros sete meses do ano subiu de 46,1% em 2021 para 50,7% em 2022. Na segunda posição entre os importadores, os Estados Unidos aumentaram suas compras em 118,9% até julho: elas passaram de 52.935 toneladas em 2021 para 115.899 toneladas em 2022. A receita subiu 61,9%, de US$ 394 milhões para US$ 638 milhões. Com isso, a participação norte-americana nas exportações totais subiu de 4,9% para 9%.

No total, 108 países elevaram suas importações de carne bovina brasileira enquanto que outros 46 diminuíram suas compras.

Foto: ABR