A indústria do Paraná cresceu 4% em fevereiro na comparação com igual período do ano passado. No bimestre, o avanço foi de 4,1% em relação aos dois primeiros meses do ano passado. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Industrial Mensal.
Em relação a janeiro, o crescimento, com ajuste sazonal, foi de 1,9% no Paraná. Dos 14 Estados pesquisados pelo IBGE, nove tiveram desempenho positivo em fevereiro em relação a janeiro.
Os números da indústria do Paraná estão acima da média do Brasil. De acordo com o IBGE, a produção da indústria caiu 0,8% em fevereiro na comparação com igual período do ano passado, avançou 0,1% na comparação com janeiro e 0,3% no primeiro bimestre em relação aos dos primeiros meses do ano passado.
MÁQUINAS E SUPERSAFRA – De acordo com o IBGE, o desempenho no Paraná em fevereiro foi puxado pelos setores de máquinas e equipamentos, com alta 112,8%; veículos automotores, reboques e carrocerias (10,8%), e alimentos (9,2%) na comparação com o mesmo período do ano passado.
“Três dos quatro setores mais importantes da indústria do Paraná tiveram resultados positivos. Isso aponta para uma recuperação da atividade, que deve continuar nos próximos meses a ter um desempenho mais favorável”, diz Julio Suzuki Júnior, diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes).
A produção do setor de máquinas e equipamentos – especialmente máquinas agrícolas – cresce por conta do agronegócio, embalado pela supersafra desse ano. O setor de alimentos também se beneficia da produção do campo.
“A fabricação de automóveis, por sua vez, segue em recuperação com reposição de estoques no mercado interno e aumento de exportações, principalmente para a Argentina”, completa Suzuki Júnior.
No bimestre, o setor de máquinas e equipamentos cresceu 75,1%; veículos automotores, reboques e carrocerias teve evolução de 19,9%; e de produtos alimentícios avanço de 12,6% na comparação com mesmo período de 2016.
IMPORTANTES – Para o professor João Basílio Pereima Neto, do departamento de economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Paraná foi beneficiado pelo fato de a recuperação ter se dado em setores-chave para a indústria no Estado. “O Paraná foi abençoado pelo choque positivo de curto prazo em setores importantes. O Estado estava no lugar certo na hora certa”, diz.
NEGATIVOS – Em fevereiro, na comparação com o mesmo período do ano passado, os destaques negativos ficaram por conta da fabricação de produtos químicos, com queda de 21,4%; coque, produção de derivados de petróleo e biocombustíveis (-13,2%) e fabricação de móveis (-12,9%). No bimestre, as maiores quedas foram produção de derivados de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis (-16%) e fabricação de móveis (-13,7%).
SOBRE O PIB – Para Suzuki Júnior, se mantido o ritmo de crescimento, a indústria pode ter impacto relevante sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná em 2017. A indústria da transformação responde por 20% do PIB do Estado.
Pereima Neto, da UFPR, destaca, no entanto, que em termos de Brasil, ainda é cedo para falar em retomada. “O desempenho dos Estados ainda está muito díspar. Em alguns a produção cresce e em outros cai. Vamos ter que avaliar os resultados nos próximos meses para ter um cenário mais claro. A indústria brasileira já atingiu o fundo do poço e é natural que em algum momento pare de cair e dê sinais de melhora. A questão é ver se ela é sustentável, diz.