Cotidiano

IAT propõe gestão compartilhada de unidade de conservação com comunidade indígena

Instituto Água e Terra entregará ao Instituto Ângelo Cretã, que representa a comunidade, a minuta de termo de acordo de cooperação para cogestão da Floresta Estadual Metropolitana, de Piraquara

Em iniciativa inédita, comunidade indígena fará cogestão de Unidade de Conservação no Paraná - Curitiba, 17/02/2022
Em iniciativa inédita, comunidade indígena fará cogestão de Unidade de Conservação no Paraná - Curitiba, 17/02/2022

O Instituto Água e Terra (IAT) entrega nesta sexta-feira (18), ao Instituto Angelo Kretã, documento com a proposta de compartilhar a gestão da Floresta Estadual Metropolitana, localizada em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, com uma comunidade indígena. É a primeira vez que o IAT propõe um acordo de cogestão de unidade de conservação com uma entidade da sociedade civil.

Será entregue a minuta de termo de acordo de cooperação técnica para a cogestão e promoção de ações de educação ambiental na unidade de conservação. A iniciativa faz parte do acordo firmado com a comunidade indígena que ocupa as dependências da floresta atualmente. A proposta será analisada pela comunidade indígena para depois ser oficializada.

IMPORTÂNCIA – O acordo de cooperação técnica é prevista no artigo 30 da Lei Federal nº 9985/2000. O objetivo é promover o desenvolvimento de ações de preservação e educação ambiental.

“Será a primeira vez que uma gestão compartilhada de unidade de conservação é realizada dessa maneira, com a sociedade civil, representada pelo Instituto Angelo Kretã’, diz o diretor-presidente do IAT, Everton Souza.

“É preciso destacar a importância desse fato, pois as ações de preservação serão feitas com conhecimento e com o objetivo comum entre o Estado e a comunidade indígena. É importante envolver a comunidade, em especial populações tradicionais, na preservação e no reflorestamento do local”, enfatiza Souza.

A iniciativa começou a ser discutida em agosto do ano passado, data em que a comunidade indígena das etnias Kaingangue e Guaraní-Nhandewa, formada por 25 pessoas atualmente – incluindo uma gestante –, ocupou parte do terreno da Floresta Estadual Metropolitana.

APOIO – Além da entrega da minuta do termo de acordo de cooperação técnica, o Instituto Água e Terra acolheu a comunidade indígena nas dependências da UC que não eram utilizadas: o anfiteatro e o receptivo. “Quando eles ocuparam a parte sul daárea da floresta, estavam alojados em barracas com lonas improvisadas e sem infraestrutura básica, como água potável e sanitários. Nossa ação imediata, por orientação do secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Marcio Nunes, foi proporcionar melhor qualidade de vida a eles”, explica o diretor de Políticas Ambientais da Secretariat, Rafael Andreguetto.

“Ocupamos ali por um sonho e um projeto. Não foi com a intenção de mostrar que somos melhores, sempre tivemos um objetivo de virar uma referência no cuidado com o meio ambiente, e o Paraná tem esse histórico de sempre fazer coisas diferentes”, afirmou Eloy Jacintho, representante da comunidade indígena.

INTERCÂMBIO – A permanência da comunidade no local atende também o estabelecido no Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC), em relação a abrigar populações tradicionais.

Esse intercâmbio irá beneficiar tanto a comunidade indígena, que terá um local para vivenciar de forma plena a sua cultura; a população em geral, que terá a possibilidade de conhecer in loco como é o modo de vida da população primeira do Paraná e a Unidade de Conservação, que terá sua vegetação natural regenerada, além de ser um local de construção de educação ambiental.

HISTÓRICO – A Floresta Estadual Metropolitana é uma Unidade de Conservação de uso sustentável desde 1988, quando obteve o seu Plano de Manejo, e está próxima à área urbana, no limite com a ferrovia Curitiba-Paranaguá, cortada pela Rodovia Contorno Leste.

A história da área foi marcada pelo intenso extrativismo florestal. O local pertencia anteriormente à extinta Rede Ferroviária Federal, que a utilizava para plantio de eucalipto, cuja madeira abastecia as antigas locomotivas a vapor.

Juntamente com o apoio de moradia, o IAT está auxiliando a comunidade a reflorestar a UC com árvores nativas, em substituição à vegetação exótica plantada pela antiga concessionária que administrava a Ferrovia, aumentando, assim a cobertura de vegetação da Mata Atlântica no Paraná.

VIVEIRO – As mudas plantadas são destinadas pelo IAT, através dos viveiros florestais. Ao todo, o Paraná possui 19 viveiros pelo Estado, capazes de produzir cerca de 3 milhões de mais de 100 espécies de mudas nativas ao ano, entre elas árvores ameaçadas de extinção, como peroba rosa, imbuia e araucária.

Nesta sexta-feira e sábado (18 e 19), haverá no local uma ação de plantio das mudas nativas do IAT e também doadas por outras instituições.

AEN