Política

Comissão quer devolução de recursos da reforma

Cascavel – Engenheiro, arquiteto e ex-secretário de Esportes de Cascavel envolvidos no projeto e na licitação do Estádio Olímpico Regional são citados no relatório final da Comissão Permanente de Viação e Obras Públicas da Câmara de Vereadores. São mais de 300 páginas, nas quais o Legislativo apura um prejuízo de R$ 217.373,60 aos cofres públicos municipais.

Segundo a investigação, o prejuízo aconteceu na compra de cadeiras para a arquibancada. Ano passado, 10 mil assentos usados foram adquiridos, mas apenas 3.500 foram aproveitados. Os demais não tinham condições de uso.

Sem contar que na área descoberta da arquibancada o espaço é apertado e, se as cadeiras fossem colocadas, não haveria aprovação do Corpo de Bombeiros. A alternativa então foi “pular” lugares, mas aí a arquibancada perderia em espaço.

No documento que será entregue ao Ministério Público, a Comissão considera que houve negligência do engenheiro que não realizou a medição da arquibancada na parte descoberta; má-fé por parte das empresas que forneceram quase metade do material sem condições de uso e má-fé do arquiteto que teria elaborado de forma inadequada o projeto da instalação das cadeiras.

Os vereadores ainda responsabilizam o ex-secretário de Esportes do Município Wanderlei Faust, por considerar a compra das cadeiras além da necessidade. E sugerem que os servidores devolvam o dinheiro ao Município.

Ex-secretário contesta números

O ex-secretário de Esporte de Cascavel Wanderlei Faust disse que já solicitou cópia da investigação. Segundo ele, apenas 800 cadeiras vieram com defeito, e não metade, e que deixou licitação pronta para que os itens fossem instalados. “Eles não fizeram porque acharam que ia ficar apertado. Todos os projetos foram feitos, tudo foi verificado, o Rômulo [vereador Rômulo Quintino] e os outros vereadores estão usando isso de forma política. Tanto que a CGU [Controladoria-Geral da União] investiga a reforma e ela, que é um órgão federal, não encontrou irregularidades. Quero mesmo que o MP investigue para que eu possa me defender”, resumiu.

Faust admite que o projeto original do Estádio é diferente do que foi executado e que por isso a engenharia encontrou alguns problemas.

Município não tem condição de bancar estrutura

Cascavel – Mesmo quando o Estádio Olímpico Regional não é usado, ele gera aos cofres públicos de Cascavel gastos de R$ 40 mil por mês.

Por conta das despesas e de uma série de problemas, a administração municipal pretende fazer a concessão pública do espaço. “Estamos funcionando graças a um Termo de Ajuste de Conduta. Ficou um monte de coisa para trás na reforma. Não foi previsto plano de segurança, por exemplo. Não podemos receber mais de 10 mil pessoas por não ter um sistema de monitoramento. No jogo do Internacional, por exemplo, nós só abrimos com o apoio da Polícia Militar”, afirma o diretor da Secretaria de Esporte, Léo Mion. A partida Internacional x Princesa Solimões foi realizada na abertura da Copa do Brasil, neste ano.

“Gastaram muita grana para reformar um poço artesiano que não dá para usar a água. Em vários pontos teve dinheiro jogado fora”, acrescenta Mion.

Banco de reserva

Em outubro deste ano a prefeitura abriu licitação para a compra de cadeiras do banco de reserva, acompanhantes e obesos. E, para completar a série de problemas, a empresa responsável pela obra, Dalmina Construções, deve entrar com uma ação contra a prefeitura. “Passou o prazo de um ano, a gestão passada não concedeu reajuste e vai sobrar para nós. Não concedemos [o reajuste], mas, entrando na Justiça, provavelmente a empresa vai ganhar”, destaca Léo Mion.