Que a crise econômica foi devastadora e ainda não deu adeus não há especialista que negue, mas os bons ventos que prometem afastar os efeitos colaterais dela, que já é considerada a mais severa que o Brasil enfrentou, trazem ânimo para setores como a indústria, o comércio e as próprias famílias.
Com 2017 dando seu adeus neste domingo, 2018 promete vir com mais alento, mesmo assim, alertam os economistas, não trará crescimentos bombásticos como os vistos no início da atual década com a retomada do emprego e o consumo em alta disparada.
Para uma das principais referências em economia no Estado do Paraná, o economista Wilhelm Meiners, o fim de 2017 já representou um revés na crise, mas ainda tímido. “Até o fim de novembro e início de dezembro o Paraná já havia crescido 2,77% na renda per capita, fomentado por uma supersafra. Enquanto no País a taxa de desemprego foi de 12%, no Estado ela ficou abaixo dos 9% e esse desempenho foi ainda melhor no interior em algumas cidades como no oeste, por exemplo, principalmente onde há elevadas taxas de empreendedorismo e de cooperativismo. A indústria levou um tombo, mas revela o começo de uma recuperação, ainda muito longe do que tínhamos no início da atual década, mas já começou uma recuperação”, completa.
Para o especialista, não restam dúvidas de que 2018 será um ano mais promissor, com o retorno lento dos empregos, um novo avanço industrial e o crescimento das vendas no comércio, o que culminará no retorno do consumo das famílias, o que promete fazer a engrenagem girar mais uma vez. “Mas ainda será um ano de cautela por conta das eleições. Dependendo do cenário político e se as coisas caminharem dentro do que se desenha, a economia volta a se consolidar de fato na virada da década”, reforça.
O economista lembra ainda que, apesar dos efeitos devastadores da crise, a região oeste sofreu menos com ela. A justificativa está em um agronegócio estruturado, o cooperativismo e o empreendedorismo. Em média, a região tem 30 empresas formais para cada mil habitantes. A média estadual é de 27. “E a maioria delas são de pequeno e médio porte, empresas familiares que se rearranjam com a crise, mas que seguraram os empregos e o desenvolvimento. Isso contribuiu muito para segurar os efeitos da crise e será primordial para esta retomada da economia”, segue.
Agricultura e pecuária
E por falar em cenário econômico na região oeste do Paraná, não se pode esquecer da agricultura e da pecuária, os chamados “salvadores da pátria”. “A produção pecuária em 2017 apresentou uma recuperação na cadeia de suínos com avanço de 7%. No setor de frangos há um grande espaço para mais recuperação em 2018, tivemos uma supersafra de grãos em 2016/2017, neste ano teremos uma pequena queda na produção, mas nada devastador. Tudo isso resulta nas exportações em alta e elas foram essenciais para a economia do estado e da região oeste”, destacou o economista Wilhelm Meiners.
Crescimento populacional e desenvolvimento
Para o economista Wilhelm Meiners, o mapa do crescimento populacional pode ser confundido com o do desenvolvimento: “Municípios que ganham população é porque oferecem emprego, renda, oportunidade para novos negócios. São cidades que abrem oportunidades enquanto as que perdem população estão fechando oportunidades. As pessoas que migram querem renda. Vão atrás dos empregos e das oportunidades de negócios, Isso fica evidente em algumas cidades no norte do estado, na região metropolitana de Curitiba e no oeste”, completou ao lembrar de municípios na região com esta característica, como é o caso de Cascavel, Toledo e Foz do Iguaçu.