Agronegócio

Litro do leite chegará a R$ 3

Os números não deixam dúvidas de que a pecuária leiteira vem de uma crise há pelo menos cinco anos. O preço médio do litro pago ao produtor só tem sofrido retração. Em 2012 o produtor recebeu R$ 1,30 por litro, em 2013 era R$ 1,14, em 2014 R$ 1,06, em 2015 R$ 1,05 e em 2016, último dado já computado pelo IBGE, apenas R$ 0,85, valor similar ao registrado em 2017. Isso significa que, em cinco anos, o preço médio pago ao produtor reduziu 36%, mesmo com o custo de produção só aumentando. “Neste momento o valor pago ao produtor gira em torno de R$ 1,08 a R$ 1,10 e poderá chegar a R$ 1,30 e R$ 1,40”, reforça o zootecnista Sérgio Haroldo Heim, do Instituto Emater.

Questionado se o aumento nas gôndolas dos supermercados já teve efeito no bolso do produtor, Sérgio revela que “na prateleira o leite sobe bem antes”.

Desde o início do ano, quando o litro era encontrado nos supermercados variando de R$ 1,85 a R$ 2, e agora o produto já aumentou 30%. Em média, é encontrado por R$ 2,40 e a tendência é não parar por aí. Os efeitos do clima sobre a produção de grãos e de pastagem são motivos para o aumento já computado e os novos que deverão chegar em breve.

Como começa o período de entressafra, com pastagens mais escassas, o custo de produção vai seguir em alta. “Muita coisa vai depender de como a safrinha do milho vai se comportar, se teremos uma boa produção ou não”, segue o zootecnista.

De todo modo, a tendência é para que o litro do leite custe nas prateleiras dos supermercados R$ 3 nos próximos meses, isso se as condições climáticas forem favoráveis. “Se vier uma geada mais forte e interferir na produção dos grãos, daí deverá aumentar ainda mais (…) além disso, está chegando o inverno e há aumento no consumo. Então, quando há mais procura do que oferta, a tendência é de os preços subirem”, reforça.

Plantel vem encolhendo

Não há um município da região oeste do Paraná onde o leite não apareça em um lugar importante ou de destaque na relação das atividades agropecuárias. Dividindo a liderança na cadeia produtiva com a região dos Campos Gerais, além de um importante alimento à mesa, o leite garante um incremento à subsistência de pelo menos 15 mil famílias no oeste.

Ocorre que, entre crises e recuperação, a produção vem encolhendo ano após ano, apesar de a produtividade média por animal ter aumentado. Na prática, o que tem acontecido é uma retração da atividade mesmo. O plantel lactante está caindo e não é de hoje.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), somente de 2015 para 2016 a retração regional na produção de litros foi de 5%. Saiu de 1,120 milhão de litros para 1,064 milhão.

Para o zootecnista Sérgio Haroldo Heim, do Instituto Emater, na região de Cascavel essa redução foi ainda maior, na casa dos 10%, e esse mesmo percentual deverá se repetir em 2017, cujos dados ainda estão sendo analisados.

A justificativa disso tudo está no bolso do produtor que não suporta mais arcar com as despesas da atividade, com casos frequentes de animais sendo comercializados para pagar as dívidas. “Neste momento, o valor pago está quase empatando com o gasto na produção. Sem contar que março e abril são os piores meses para produção de leite, que cai por conta da pastagem que está acabando. O custo de produção aumenta porque precisa comprar a ração e o retorno ao produtor não ocorre com a mesma velocidade do aumento nos supermercados”, destacou.