Educação

ONU vê “catástrofe geracional” com mais de 1 bilhão de alunos fora das escolas

A entidade apresentou um relatório inédito indicando que mais de 1 bilhão de estudantes

Nova York – O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, fez um apelo nessa terça-feira (4) pela reabertura de escolas em países onde a transmissão da covid-19 está “controlada” para corrigir o que chamou de “catástrofe geracional”.

A entidade apresentou um relatório inédito indicando que mais de 1 bilhão de estudantes, dos quais 40 milhões crianças, estavam sem aulas até a metade de julho em 160 países.

Na avaliação do diplomata português, a paralisação pode exacerbar as desigualdades que já existiam antes da pandemia e causar prejuízos ao longo de décadas. Antes do avanço da covid-19 pelo planeta, 250 milhões de crianças já estavam fora da sala de aula, estima a Unesco – divisão da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura. Além disso, segundo Guterres, um quarto dos alunos de países em desenvolvimento se forma no ensino fundamental sem conhecimentos básicos.

A Unesco teme que 24 milhões abandonem definitivamente as escolas em razão das atividades interrompidas. As regiões mais afetadas, na projeção da Unesco, serão o Sul e o Oeste da Ásia, com a perda de 5,9 milhões de alunos, seguida da África Subsaariana, com 5,3 milhões.

“Nós já enfrentávamos uma crise educacional antes da pandemia. Agora estamos diante de uma catástrofe geracional que pode desperdiçar um potencial humano ainda desconhecido, minando décadas de progresso, e exacerbando as desigualdades já firmadas”, afirmou Guterres em um vídeo publicado nas redes sociais, defendendo que o retorno às atividades seja “prioridade máxima” nos locais em que a pandemia estiver controlada.

 

Desigualdade

O secretário-geral da ONU avaliou, ainda, que a pandemia do novo coronavírus proporcionou a maior interrupção no sistema educacional da história e que alternativas construídas por diferentes governos, como aulas por televisão, rádio e internet não alcançaram todos os estudantes. Os alunos mais prejudicados seriam deficientes, pertencentes a minorias, moradores de comunidades mais pobres ou de áreas remotas e refugiados.

Ainda de acordo com a entidade, apenas Uruguai, Equador e Nicarágua abriram suas escolas na América Latina. Na Europa, o retorno às atividades escolares só se concretizou na Áustria, na França, na Noruega, na Suécia e na Suíça.

Nas estimativas da Unesco, 44,3 milhões de alunos da pré-escola ao ensino médio estão sem aulas no Brasil, que tem uma das maiores taxas de contágio e mortalidade pela covid-19 no mundo.