Toledo – Em uma escola estadual de Foz do Iguaçu a Patrulha Escolar é chamada todos os dias. Em Cascavel, os registros são mais escassos, mas pelo menos cinco vídeos de brigas de estudantes na porta das escolas circulam nas redes sociais e em grupos de WhatsApp nos últimos dias. Em Toledo, os problemas também são frequentes, mas não ocorre registro oficial. Tanto que apenas seis casos foram relatados para a ouvidoria do Núcleo Regional de Educação de Toledo em um ano. Números muito aquém de refletir a realidade. Isso porque muitos pais preferem não registrar as agressões para garantir a privacidade e a segurança dos envolvidos.
Outro aspecto que chama a atenção é que são as meninas que protagonizam pelo menos 80% das brigas nas imediações das escolas.
A Patrulha Escolar tem sido o mecanismo para que alunos e professores se protejam da violência, mas a ausência de dados impede que outras unidades possam ser reivindicadas.
As brigas nas portas das escolas, segundo professores e funcionários, são causadas por discussões banais, enfrentamentos nas redes sociais e uma série de fatores sociais que interferem nas relações dentro dos educandários.
Assim que liberados do período letivo, ao menor sinal de desentendimento uma plateia se forma e “o pau come”. Quem já estudou sabe que isso não é coisa de hoje em dia. Sempre existiu. A novidade é que agora essas “peleias” são gravadas em vários ângulos diferentes por telefones celulares e ganham as redes sociais, viralizando e provocando ainda mais tensão e humilhação entre as partes.
Importante: cada compartilhamento é um crime, mas que na maioria das vezes passa ileso e causa muitos prejuízos morais e psicológicos.
A ouvidora do Núcleo Regional de Educação, Neiva Marques de Andrade Niero, afirma que um procedimento padrão é adotado sempre que uma briga é registrada no interior ou nas imediações da escola. “Por mais que não seja responsabilidade da escola, os casos que acontecem nas proximidades, sempre que tomamos conhecimento, registramos em ata e sensibilizamos os pais para que, conscientes do fato, possam ajudar na prevenção de outras situações de conflito”.
Preventivo
O diretor do Colégio Estadual Novo Horizonte em Toledo, Sadi Nunes da Rosa, publicou um livro sobre as situações de violência que envolvem as escolas e a comunidade. “Nesses anos a experiência nos mostrou que a violência que acontece dentro ou fora do ambiente escolar é apenas reflexo de muitas outras situações e que não pode ser ignorada. Temos que agir para promover a cultura da paz na sociedade e consequentemente os resultados chegarão às nossas escolas”, afirma.
Para isso, uma estratégia é tentar evitar a exposição nas redes sociais. “Quando temos uma situação de confronto, agimos imediatamente para mobilizar os pais e os envolvidos na briga. A família precisa buscar a possível vítima, que é liberada imediatamente, retemos os celulares para evitar que esses vídeos se espalhem pela rede e se transforme em mais uma violência contra as partes”, explica o professor.
Responsabilidade
O conselheiro tutelar Rafael Wutske conta que, sempre que chamado, o Conselho Tutelar atende os adolescentes e as crianças envolvidas em brigas, mas que a função do órgão é aplicar as medidas de acompanhamento nas famílias. “Adultos que perceberem uma briga precisam separar e garantir a segurança dos envolvidos. A Patrulha Escolar é preparada para atuar nesses casos e geralmente a presença dos policiais já inibe qualquer ação mais violenta. O que não podemos é formar uma plateia, seja física ou virtual, que em muitos casos acabam inflamando mais a situação e deixando mais longe de uma solução favorável e de paz”, observa.