Cotidiano

Março Lilás fala sobre o câncer de colo de útero

Com aproximadamente 570 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres

Março Lilás fala sobre o câncer de colo de útero

Março é um mês importante para as mulheres não só pelo Dia da Mulher e tudo o que a data representa, mas também por ser o mês de alerta para prevenção do câncer de colo do útero. É isso o que propõe o Março Lilás, uma campanha que busca conscientizar as mulheres sobre os riscos dessa doença. A enfermidade é causada pelo Papilomavírus Humano, o HPV – doença sexualmente transmissível de maior prevalência no mundo.

Com aproximadamente 570 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres. Ele é responsável por 311 mil óbitos por ano, sendo a quarta causa mais frequente de morte por câncer na população feminina.

“No Brasil, em 2020, são esperados 16.590 novos casos, com um risco estimado de 12,6 casos a cada 100 mil mulheres. Cerca de 85% dos episódios de câncer de colo do útero ocorrem nos países menos desenvolvidos, o que configura um desafio na saúde mundial já que a mortalidade é aproximadamente 18 vezes maior que em países desenvolvidos”, revela a pediatra Isabella Ballalai, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).

Entenda o que é o HPV

Segundo o Ministério da Saúde, o HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) é um vírus que acomete a pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de mulheres, podendo provocar verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e câncer, a depender do tipo de vírus.

Prevenção e tratamento

No Brasil, a estratégia de prevenção e diagnóstico precoce recomendada pelo Ministério da Saúde abrange a utilização de preservativos, a realização de exames de Papanicolau a partir dos 25 anos, e a vacinação contra o HPV. Na maioria dos casos, os sintomas surgem apenas quando o câncer se encontra em um estágio mais avançado, por isso a prevenção precisa ser incentivada.

“Quando diagnosticado precocemente, é possível que haja uma redução de até 80% de mortalidade por esse câncer. Considerando que o tumor de colo do útero é uma doença com sintomas silenciosos, muitas vezes as mulheres perdem a chance de descobrir a condição ainda na fase inicial. Sempre aconselho as mulheres a realizarem os exames como o Papanicolau periodicamente, para que aumentem as chances de a doença ser diagnosticada precocemente”, explica a pediatra Isabella Ballalai.

“Vacina previne câncer do colo do útero”, ressalta médico oncologista

Desde 2014, o Ministério da Saúde implementou o calendário de vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 12 anos. A partir de 2017, o órgão estendeu a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. “Essa iniciativa vai ajudar a proteger uma geração de mulheres contra o câncer do colo do útero. A vacina protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros são responsáveis por aproximadamente 70% dos casos desse câncer”, aponta o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da Escola de Medicina da Universidade do Algarve (Portugal).

O especialista explica que esse tumor é causado pela infecção por alguns tipos do Papilomavírus Humano (HPV), que é facilmente diagnosticado por meio de exame. “O exame preventivo periódico é extremamente importante para a cura dessa doença. Por isso, as mulheres não devem se abdicar desse procedimento”, destaca o médico.

Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), excetuando-se o câncer de pele não melanoma, esse é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal. Ele é ainda a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.

“O câncer do colo do útero é uma doença que se desenvolve lentamente, e muitas pacientes podem não trazer sintomas no início. Já para os casos mais avançados, o tumor pode provocar sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual. Encontramos ainda sintomas como secreção vaginal anormal e dor abdominal relacionadas a queixas urinárias ou intestinas”, esclarece o médico Ramon Andrade de Mello.

O professor da Unifesp reforça que toda mulher entre 25 e 64 anos de idade deve fazer o exame a cada três anos: “Existe ainda a indicação de que os dois primeiros exames devem ser anuais. Com o resultado normal, a repetição deve ocorrer então a cada três anos”.

A importância da vacinação

A campanha nacional coordenada pelo Ministério da Saúde tem o objetivo de vacinar pelo menos 80% do público-alvo. Atualmente, o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde disponibiliza a vacina anti-HPV para:

  • Meninas de 9 a 14 anos de idade;
  • Meninos de 11 a 14 anos;
  • Indivíduos de 9 a 26 anos de ambos os sexos nas seguintes condições: convivendo com HIV/Aids; pacientes oncológicos em quimioterapia e/ou radioterapia; transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea.

IMPORTANTE

A Sociedade Brasileira de Imunizações, em seu calendário de vacinação para adultos (http://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-adulto.pdf), também considera a vacinação de mulheres e homens, mesmo que previamente infectados pelo HPV. “É importante lembrar que a vacinação é uma ferramenta de prevenção, pois as vacinas protegem contra dois tipos oncogênicos de HPV, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero”, reforça Isabella Ballalai, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).