A modernização da agricultura brasileira ocorrida nas últimas décadas vem beneficiando a produtividade agrícola e gerando um aumento de vários indicadores econômicos baseados no “agro”. Já os investimentos em pequenas propriedades rurais, direcionados a culturas florestais, têm apresentado diminuição.
Os plantios florestais são muito importantes para o desenvolvimento social e econômico de uma região ou país. As florestas são matéria-prima para diversas atividades, gerando produtos que necessitamos no dia a dia. O Brasil tem vivenciado escassez de madeira, apesar de suas imensas florestas nativas passíveis de manejo e a considerável área plantada. Porém, deve-se reconhecer que a maior parte dessas florestas está locada nos setores de papel e celulose e siderurgia, voltadas para consumo próprio, com pouca oferta de madeira para comercialização. Assim, pequenas e médias empresas consumidoras de madeira têm encontrado dificuldades para obter matéria-prima, a qual encarece seus preços, pela demanda, chegando a um ponto final onde uma das consequências é o aumento do desemprego.
O setor florestal vem crescendo muito no mercado, tendo sido relativamente menos afetado pela crise político-econômica que o Brasil vivencia nos últimos anos, fato que pode ser encarado como uma solução, tendo em vista a crise econômica, apesar dos indícios do início de uma recuperação, já que esse setor pode ser um dos propulsores de uma nova retomada econômica do País.
Com isso, seriam proporcionadas oportunidades para a criação de programas de apoio à inserção das florestas plantadas e seus benefícios aos produtores rurais e suas famílias, assim o pequeno produtor rural pode ter uma nova fonte de renda, que antes não tinha conhecimento ou ao menos não a encarava como tal.
A agricultura, focada em cultivos anuais, pastagens e produção animal pode e deve continuar sendo fonte de renda da propriedade, mas isso não impede a mesma, de forma nenhuma, de ter uma plantação florestal em meio a estas. Os estudos atuais apontam que onde são implantados sistemas de integração, como exemplo o ILPF (Integração Lavoura – Pecuária – Floresta), estes conseguem aumentar a renda do produtor rural ao mesmo tempo ajudando no bem-estar animal, melhorando a renda não somente com o componente florestal, mas ampliando os ganhos com os animais e culturais anuais também.
De acordo com a Lei 12.651/2012, todo imóvel rural deve manter uma área com cobertura de vegetação nativa, a título de reserva legal. O produtor rural deve se manter informado para não se precipitar em suas conclusões sobre este assunto, confundindo a reserva legal com uma área que só irá trazer prejuízos ou ser “perdida”. Pelo contrário, a reserva legal pode ser manejada adequadamente, tornando-se assim uma fonte de renda extra sem prejudicar o meio ambiente.
Porém, o incentivo ao manejo da reserva legal deve vir acompanhado de assessoria profissional, pois é muito importante o manejo adequado desta área, caso contrário, este manejo pode se tornar prejudicial à preservação da natureza do local e entorno. Aspectos como o uso de espécies adequadas, manejo ecológico do solo, manutenção da cobertura vegetal permanente, controle de pragas e doenças através de métodos ecológicos, cuidados diversos com a colheita e tantos outros aspectos que, junto com o acompanhamento de um engenheiro florestal, tornam-se viabilizados.
Mas tudo começa pela tomada de consciência de todas as possibilidades de uso dos recursos naturais na propriedade rural, através de projetos sociais para a sociedade em geral. O acesso à informação, por parte de agricultores e extensionistas, é um dos primeiros passos para que os projetos subsequentes tenham êxito. Há formas de apoio público para tal? Sim, há programas de incentivo via financiamentos bancários (Pronaf etc). Há formas de apoio privadas para tal? Sim, a parceria com empresas florestais e agroindustriais é presente e precisa ser formatada caso a caso, mas é viável, desde que formatada em estilo “ganha-ganha”.
A inserção da floresta em propriedades rurais traz muitos benefícios a toda a sociedade, pois incrementa a economia dos pequenos negócios e é também geradora de empregos, renda e bem-estar social. Plantar, cuidar e manejar, este é o caminho para a floresta gerar benefícios a todos!
Luiz Henrique Ferraz Tavares é estudante de Engenharia Florestal da UTFPR-DV, sócio junior da Aefos/PR); Eleandro José Brun é engenheiro florestal, professor da UTFPR-DV e presidente da Aefos/PR) – [email protected]