Discussão aberta
Um estudo do The New York Times por meio de um aplicativo que reuniu cerca de 500 mil tempos de atletas em provas de maratona e meia-maratona desde 2014 está dando o que falar no mundo do atletismo. É que o uso de um tênis da Nike (o Vaporfly) tem melhorado de 3% a 4% o tempo de corredores em relação a competidores semelhantes que utilizaram outros calçados. O detalhe é que o tênis, lançado em meados de 2017 e que custa 250 dólares (cerca de R$ 1 mil), reascendeu a discussão a cerca do uso da tecnologia no esporte.
Tecnologia
A discussão sobre a tecnologia do tênis, que tem uma placa de fibra de carbono no meio do solado com o objetivo de servir como uma alavanca a cada passo do corredor, nada tem a ver com o VAR, o árbitro de vídeo que ficou famoso na Copa, e sim com a vantagem competitiva. Vale lembrar os supertrajes da natação, proibidos depois de atletas alcançarem marcas inéditas e surreais nas piscinas. Há casos também de proibições no futebol americano, no uso de uma espécie de cola que ajudaria os jogadores a segurar a bola, e no golfe, no uso de bolas que teriam uma trajetória mais “controlada”.
Mercado
O detalhe é que o “supertênis” tem desaparecido das prateleiras a cada prova, nos EUA e na Europa. É que a vida útil do acessório é de cerca de 160 quilômetros, o que faz com exemplares sejam vendidos por até cerca de 500 dólares (R$ 2 mil), preço que nem todos têm condições de pagar a cada praticamente duas maratonas (84 km), levando em conta os treinos. Na Maratona de Londres 2018, menos ainda tiveram acesso. Um modelo atualizado do tênis foi vendido a um número limitado de participantes a 650 dólares (cerca de R$ 2,6 mil).
De olho
Vale lembrar que a Federação Internacional de Atletismo tem, sim, restrições relacionadas a calçados. Elas dizem que eles não devem ser produzidos de forma a dar aos atletas vantagem ou assistência desleal. Quanto ao “supertênis”, não há comprovação científica de que ele melhore o desempenho de quem o usa.