Reportagem:Juliet Manfrin
Toledo – A previsão de chuva a partir desta quarta-feira (2), com promessa de se prolongar até segunda da próxima semana podendo chegar a 70 milímetros acumulados em boa parte da região oeste do Paraná, anima os produtores que foram para o campo plantar soja. Mesmo assim, a palavra de ordem é cautela, porque há chance de a chuva não vir, novamente.
Até semana passada, apenas 1% da área nos Núcleos Regionais da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Toledo e de Cascavel havia sido cultivada, mas esse percentual se elevou no último fim de semana e, com base no levantamento do Deral (Departamento de Economia Rural), em torno de 12% da área destinada ao cultivo – equivalente a 120 mil hectares – já haviam sido semeados na região.
Todos de olho nas previsões. Se a previsão estiver mantida, até o fim desta terça-feira esse número poderá passar dos 300 mil hectares.
Mesmo assim, número pequeno. Ocorre que neste momento o oeste já deveria contar com mais de 80% dos campos cultivados, ou seja, mais de 800 mil hectares em desenvolvimento vegetativo. O plantio está atrasado em quase um mês em decorrência da falta de umidade no solo e quem plantou terá que replantar.
Ontem (30) o mapa da umidade para a região, atualizado pelo Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), indicava secura total no solo. Desde maio deste ano, quando as chuvas se tornaram irregulares, o déficit de precipitação já beira os 800mm, mais de 150mm somente em setembro, que se desenhou como o segundo setembro mais seco em uma década, atrás apenas de setembro de 2017.
Segundo o técnico do Deral José Pértille, diante de todas essas questões, os produtores estão com um olho na plantadeira e outro no céu. “Eles só vão plantar mais se de fato perceberem que a chuva vai se confirmar, caso contrário não vão se arriscar além do que está cultivado e perder o que já foi semeado por falta de água”, explica.
Isso porque os principais modelos meteorológicos indicam que a chuva não será regular neste mês de outubro. Isso só poderá ocorrer a partir de novembro, mesmo assim se as condições climáticas forem favoráveis e não sofrerem alterações no meio do caminho.
As áreas cultivadas com milho e feijão também aumentaram neste início de semana, saltando para 35% de milho e 38% de feijão. Assim, o feijão se aproxima de 1,5 mil hectares semeados e o milho em algo próximo a 24,5 mil hectares. Para a germinação e a recuperação e o desenvolvimento das lavouras, são necessários ao menos 50mm de chuva imediata.
Paraná assume vice-liderança na produção de leite
Curitiba – A PPM (Pesquisa da Pecuária Municipal) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) confirma que o Paraná passou de terceiro para segundo maior produtor de leite do Brasil – foram 4,4 bilhões de litros produzidos em 2018. Conforme a pesquisa mais recente, divulgada neste mês, o líder nacional é Minas Gerais, que cresceu 1% e produziu 8,9 bilhões de litros em 2018 e em terceiro lugar está o Rio Grande do Sul, com 4,2 bilhões de litros de leite produzidos no último ano.
Castro, nos Campos Gerais, lidera a produção brasileira com 292 milhões de litros. Em segundo lugar está Patos de Minas (MG), que produziu 193 milhões de litros. No Paraná, outro destaque é Carambeí, com 180 milhões de litros, que ocupa a terceira posição no ranking nacional.
Para o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, os números do IBGE confirmam o esforço dos produtores paranaenses e consolidam o Paraná como grande polo produtor de proteínas animais. “Produzimos no ano passado 5,6 milhões de toneladas de carne e 4,4 bilhões de litros de leite, voltando a ocupar a segunda posição no ranking nacional, mas também consolidando o sul do Brasil como a ‘Meca’ do leite”, diz.
Na comparação com 2017, quando o Estado ocupava a terceira posição no ranking brasileiro, a produção paranaense teve uma queda de aproximadamente 1%. Já a produção do Rio Grande do Sul caiu cerca de 3%.
Produtividade
Com relação à produtividade, o Paraná cresceu 3%. Carambeí e Castro, por exemplo, produzem quatro vezes mais do que a média brasileira, que é de dois mil litros ao ano por animal – os dois municípios paranaenses produzem, respectivamente, 9 mil litros e 8,3 mil litros por vaca ao ano.
“No Paraná, que tem 1,4 milhão de cabeças de gado leiteiro, a produtividade por animal é de 3,2 mil litros ao ano. Junto aos demais estados do Sul, o Paraná tem as maiores produtividades do Brasil”, diz o chefe do Deral Salatiel Turra.
Alta tecnologia
Os dados do Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento também mostraram diminuição da produção de leite. Segundo o técnico do Deral Fábio Mezzadri, isso se deve ao aumento do custo de produção, o que tem afastado pequenos produtores desse setor. “No entanto, o investimento dos produtores em alta tecnologia tem colaborado para o aumento da produtividade”, explica.
O VBP (Valor Bruto da Produção) do leite cresceu na região que engloba os municípios em destaque – que teve crescimento de 12%, ou R$ 103 milhões, sendo responsável por mais de metade do crescimento de 182 milhões no VBP do leite paranaense.
Outras culturas
A pesquisa do IBGE também mostrou outros destaques paranaenses no Brasil: Ortigueira continua sendo o município maior produtor de mel, Nova Aurora na piscicultura, Toledo tem o maior rebanho suíno e Cascavel tem o segundo maior efetivo de galináceos.