Os dois navios de bandeira iraniana, que aguardam abastecimento na área do Porto de Paranaguá, estão prestes a zarpar. A questão, que estava sendo resolvida na Justiça desde o início de junho, chega ao desfecho neste final de semana.
De acordo com a Diretoria de Operações da empresa pública Portos do Paraná, nesses quase 50 dias em que os navios permaneceram fundeados, todo apoio necessário foi dado para as embarcações, tripulantes e agentes envolvidos na operação.
Com o passe de saída, assim que abastecido, o MV Bavand seguirá para o Porto de Bandar Imam Khomeini (IRBIK), no Irã. Já o MV Termeh irá para o Porto de Imbituba, Santa Catarina.
ABASTECIMENTO – O navio MV Bavand, que já está carregado com 48 mil toneladas de milho, vai receber 1,3 mil toneladas de combustível (Petróleo MF380CST). O Termeh, que está vazio, vai receber 600 toneladas.
Segundo a empresa que presta serviço para a Petrobras no abastecimento de navios, eles estão alinhando com a agência marítima a programação (dia e hora) para o abastecimento.
OPERAÇÃO – No Porto de Paranaguá apenas uma empresa faz este serviço para a Petrobras. São duas barcaças com capacidade para carregar até 1.450 toneladas de combustível.
O abastecimento de navios pode ser feito com as embarcações atracadas no cais ou fundeadas. A operação é segura, com barreiras de contenção para evitar que qualquer produto caia no mar.
O trabalho é feito por sete marinheiros, devidamente qualificados. Com mais de dez anos de experiência nesse tipo de atividade, eles passam por treinamentos e capacitação periódicos.
Em média, a empresa realiza de 50 até 90 abastecimentos de navios por mês. Os abastecimentos são feitos dentro de uma área limite – de mar mais calmo, com menos trânsito de embarcações. Na Baía de Paranaguá, o limite é próximo à Ilha das Cobras.
INFORMAÇÃO – Nenhum dos dois navios iranianos movimentou carga nos Portos Paranaenses. As embarcações apenas fizeram parada técnica de apoio, para abastecimento, no Porto de Paranaguá.
Este ano, de janeiro até o último dia 25, seis navios passaram no Porto do Paraná apenas para abastecer.
As origens das embarcações foram, além do Irã, Libéria, Bahamas e Dinamarca.
No total, já foram mais de 1.300 atracações, em 2019, de navios de mais de 50 nacionalidades diferentes.
ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS
Durante o acompanhamento sobre a situação com as duas embarcações do Irã, muita informação sobre as operações portuárias foram divulgadas de forma errada. A empresa pública Portos do Paraná faz alguns esclarecimentos que ajudam para as divulgações futuras sobre o tema.
ÁREA DE FUNDEIO – Todo porto tem uma área destinada à espera dos navios. Geralmente, esta área é externa, fica localizada fora da baía. No Porto de Paranaguá, esta área é abrigada e o canal é maior. Essas características garantem algumas vantagens operacionais e estratégicas para as operações em geral, mas principalmente para este apoio (como é o abastecimento).
A área de fundeio, no Porto de Paranaguá, é “dividida” por tipo de mercadoria e embarcação. Cada categoria tem sua área, por questões de segurança.
FORA DA BARRA – Em Paranaguá, quando se diz que o navio está aguardando “fora da barra”, significa que a embarcação está em mar aberto, para frente da Ilha do Mel (fora da boia 1).
NAVIO FUNDEADO – É o mesmo que dizer “ancorado”. Diferente de quando o navio está atracado (permanecendo amarrado ao cais), os navios fundeados aguardam sem amarração. O que os “prende” ao fundo do mar é a âncora e as amarras das correntes, que também pesam bastante, impedindo que o navio fique solto.
ARMADOR – Armador é o dono, o proprietário do navio. Ele pode ser também o afretador (que possui e também oferece o seu navio para o transporte das cargas) ou pode cobrar pelo aluguel da sua embarcação ou frota.
AFRETADOR – Quem aluga o navio para o transporte da carga. Este agente afreta a embarcação e oferece para quem quer importar ou exportar.
OPERADOR PORTUÁRIO – São as empresas “escolhidas” para oferecer e movimentar a carga de importação ou exportação. São regras comerciais específicas que regem essa escolha.
AGÊNCIA MARÍTIMA – É a empresa contratada pelo armador para correr atrás de todo o processo burocrático que envolve as operações portuárias. É a agência que faz a ponte entre o navio e o porto. E essa figura, por exemplo, que faz a demanda pelo abastecimento do navio, cuida da documentação e das liberações junto à Polícia Federal para a troca, entrada ou saída, da tripulação.
FUMIGAÇÃO – Assim é chamado o processo químico pelo qual passa o porão do navio, já carregado, para o controle de pragas. É um procedimento de desinfecção seca. Uma difusão homogênea por gases, que garante a integridade da carga até o destino (caso dos granéis sólidos de exportação). No Porto de Paranaguá, cinco empresas são autorizadas a prestar esse serviço.
CONSERVAÇÃO – Não existe nenhum tipo de operação que coloque conservantes na carga para aguentar a viagem até o destino. Cada carga tem seu tempo de tolerância. A preservação é feita pelo controle da umidade do porão. É a umidade que pode causar danos à carga de granel para exportação.
Sobre a chegada de um navio – quando deseja operar carga ou solicitar algum serviço de apoio no Porto de Paranaguá, a agência marítima anuncia à Diretoria de Operações que este navio está vindo.
Quando esse anúncio é feito, automaticamente a embarcação entra na programação (fila), que é específica por tipo de mercadoria ou operação. Com este navio já previsto, a autoridade portuária aguarda a confirmação da agência. Confirmada a vinda, a agência corre atrás da documentação necessária para a operação no porto (sendo as seguintes: Passe de Entrada na Capitania dos Portos, a Livre Prática junto à Anvisa, as liberações de carga na Receita Federal, Liberações junto à Polícia Federal e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Planos de Trabalho junto à Diretoria de Meio Ambiente da Portos do Paraná.
O Porto acompanha, por meio de “check lists” do sistema nacional (Porto Sem Papel – PSP) e do sistema próprio (AppaWeb), para verificar se todos os sinais estão verdes, se a embarcação está autorizada com todos os órgãos anuentes. Toda documentação é tratada remotamente.
Com taxas pagas, o navio atraca e opera. São três as taxas pagas ao Porto: Infra-cais – pelo uso da infraestrutura de acostagem; Infra-mar – pela utilização do canal, ou seja, das boias e da segurança garantida pela manutenção do canal através das dragagens e outras obras; e Infra-port – pela utilização da estrutura de operação portuária.
Todas as operações, inclusive as que são apenas de abastecimento, são fiscalizadas e organizadas pelo Porto de Paranaguá, autoridade portuária.