Ao ser cobrado por senadores sobre o ritmo lento de vacinação e sobre o calendário de aplicação de imunizantes no país, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o governo não reduziu suas metas iniciais, apenas retirou do cronograma vacinas que ainda não foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como a indiana Covaxin. O representante do Executivo participou na manhã desta segunda-feira (26) de uma audiência pública da Comissão Temporária da Covid-19 (CTCOVID19).
— Em nenhum momento, o Ministério reduziu metas de vacinação; o que fizemos foi retirar do calendário aquelas vacinas que estavam sem a aprovação da Anvisa, pois entendemos que deveria entrar somente o que já está aprovado pela instância regulatória. Havia, por exemplo, previsão de 20 milhões de doses da Covaxin, que não obteve o registro ainda, e nós retiramos para não criar uma falsa expectativa na população. Se for autorizada, vamos novamente colocá-la no calendário e, por óbvio, a vacinação vai caminhar mais rápido — explicou.
Cronograma confiável
Relator da comissão, o senador Wellington Fagundes (PL-MT) foi o primeiro a abordar o assunto, ao perguntar quando o governo apresentará de fato um cronograma confiável. Até agora, acrescentou o senador, cerca de 30 milhões de brasileiros foram vacinados — cerca de 15% da população — o que coloca o Brasil atrás de outros países.
— A vacinação dos brasileiros continua caminhando a passos lentos. Israel, por exemplo, que lidera no mundo, já vacinou 65% de sua população; o Reino Unido, 50%; e o Chile e os Estados Unidos, mais de 40%. A projeção era vacinar os 77 milhões de brasileiros do grupo prioritário até junho de 2021. O ministro esteve na comissão pela primeira vez em 29 de março, quando estabeleceu a meta de vacinar pelo menos um milhão de brasileiros por dia, o que permitiria cumprir o plano. Depois disso, assistimos a uma aceleração da imunização que não durou mais do que alguns dias — afirmou o parlamentar.
O ministro, por sua vez, disse que não é possível comparar o Brasil com Israel e outros países menores.
— Pessoas ficam na mídia criticando o tempo inteiro nosso programa de vacinação e já somos o quinto que mais distribui imunizantes. Não há que se comparar com Chile ou Israel, pois o Brasil é um país de dimensões continentais e com grande dificuldade logística. Já temos, por exemplo, 56% da população indígena vacinada — explicou Queiroga.
A justificativa do ministro, no entanto, não convenceu a senadora Zenaide Maia (Pros-RN):
— O que falta é vacina mesmo. Não tem essa questão de estratégia e logística não. Essa história de dizer que é o quinto que mais vacina, nós somos também o segundo com maior número de mortes — reclamou.
O secretário-executivo do ministério, Rodrigo Otávio Moreira da Cruz, explicou que o número de 77 milhões de grupo prioritário vacinado só vai ser obtido em setembro porque há vacina que exige intervalo de três meses entre as doses. Logo, a primeira dose será administrada em todos até a primeira quinzena de junho, para, três meses depois, o ciclo ficar completo.
Esta é a segunda vez que Marcelo Queiroga participa de audiência da comissão. Criado em fevereiro, com prazo de 120 dias de funcionamento, o colegiado tem como objetivo acompanhar as questões de saúde pública relacionadas ao coronavírus. É composto por 12 membros titulares e igual número de suplentes. O vice-presidente é o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN).
Fonte: Agência Senado