É comum que a mulher, ao decidir ser mãe, queira fazer uma dieta para emagrecer por um ou dois meses antes de engravidar para não haver preocupação com o peso quando surgirem os desejos por guloseimas ao longo da gestação, e também para que as mudanças do corpo causadas pela gravidez sejam mais tranquilas.
Mas, para muitas, uma simples dieta não é suficiente. Quando o IMC (índice de massa corporal) está acima de 40 (independentemente de comorbidades) ou entre 35 e 40 (com presença de comorbidades relacionadas à obesidade), a melhor solução para passar por uma gestação mais segura e confortável pode ser uma cirurgia bariátrica.
São necessários alguns cuidados e também um período de recuperação pós-gastroplastia para engravidar, afirma Thales Delmondes Galvão, cirurgião bariátrico membro titular da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica). Ele recomenda um intervalo de 18 meses. “Os benefícios da perda de peso e da regularização das funções do organismo valem a espera”.
Por que esperar
Com a redução do estômago, o corpo perde uma grande quantidade de peso em pouco tempo: espera-se que sejam eliminados cerca de 40% do peso inicial em um período de 12 a 18 meses. Isso geralmente leva à perda de nutrientes e vitaminas, o que é avaliado em exames por uma equipe multidisciplinar que conta com nutricionista que receitará ajustes na dieta e ingestão de suplementos de vitaminas.
É importante que o organismo já esteja regularizado quando a gravidez se concretizar para não haver carência nutricional nem para a mãe nem para o bebê. Daí a necessidade de esperar esses 18 meses.
A comunicação com a equipe de médicos deve ser aberta, e é interessante que a tentante (mulher que tenta engravidar) fale com o especialista em nutrição sobre sua intenção de engravidar. Assim, haverá uma atenção extra à complementação de ferro, vitamina B12 e, principalmente, ácido fólico – a vitamina B9, que previne anomalias congênitas no bebê (como defeitos na coluna vertebral, que podem causar a espinha bífida ou medula espinhal que não se fecha por completo, e no cérebro).
Mas, caso a mulher engravide antes desse intervalo de 18 meses, não há motivo para desespero, como explica Galvão: “Ela apenas deve manter o acompanhamento das consultas e exames do pré-natal e comunicar ao obstetra que realizou o procedimento de redução do estômago.”
Complicações
Os riscos de determinadas complicações aumentam quando a mulher grávida está obesa. Entre elas estão diabetes gestacional, doença hipertensiva específica da gravidez, pré-eclâmpsia e parto prematuro.
Com menos peso e o organismo nutricionalmente equilibrado, são maiores as chances de a gestante ter mais tranquilidade em relação à saúde dela e à do bebê ao longo dos nove meses de espera pelo nascimento.
Além disso, há uma tendência de a saúde como um todo melhorar, especialmente nas pacientes que tinham comorbidades relacionadas à obesidade (como diabetes, hipertensão e apneia obstrutiva do sono).
Amamentação
Mesmo após a cirurgia bariátrica, a mulher pode amamentar o filho normalmente. Ela só precisa ficar atenta ao acompanhamento nutricional e à suplementação indicada pelos médicos especialistas para que mãe e bebê recebam todos os nutrientes necessários para saúde, bem-estar e desenvolvimento.
Fertilidade aumenta após a cirurgia bariátrica
O cirurgião bariátrico Thales Delmondes Galvão afirma que, após a cirurgia bariátrica, é comum aumentar a fertilidade. “Sim, é isso mesmo: tanto mulher quanto homem ficam mais férteis depois da perda do peso resultante da cirurgia de redução de estômago”, ressalta.
Entre as mulheres, isso ocorre porque a redução do peso ajuda na regulação dos hormônios. Não é raro a obesidade levar a ciclos menstruais desregulados e até imprevisíveis. Já no público masculino, a perda de peso ajusta a produção dos hormônios responsáveis pela qualidade do esperma.