Saúde

Educação x pandemia: Educação inicia consulta aos pais e APP pede que aulas não retornem

A polêmica sobre a volta das aulas presenciais se acirra no Paraná. Ontem, a Secretaria de Educação iniciou processo de consulta aos pais dos mais de 1 milhão de alunos se concordam com o retorno às escolas ou se preferem continuar apenas com as aulas remotas

Educação x pandemia: Educação inicia consulta aos pais e APP pede que aulas não retornem

Curitiba – A discussão sobre a volta das aulas presenciais se intensifica assim como aumenta a divergência de opinião a respeito do assunto. No Paraná, a Seed (Secretaria de Estado da Educação) iniciou uma consulta aos pais para saber se concordam em mandar seus filhos para a escola ou se preferem continuar apenas com as aulas remotas. Já do lado dos servidores, a posição tem sido quase unânime pelo não retorno neste ano.

Esta semana, a APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná) oficiou a Seed para que seja suspenso indicativo de retorno das atividades presencias. “Defendemos a imediata decisão de suspensão da forma presencial para este ano letivo 2020. Que qualquer planejamento de fechamento deste período e o planejamento do ano letivo 2021 só ocorram no momento em que a pandemia estiver superada”, cita trecho do documento entregue na última terça-feira (4).

Segundo o presidente da APPSindicato, professor Hermes Leão, não há possibilidade de retorno seguro e a suspensão aliviaria a pressão sobre as famílias. “Não tem como retornar e não vale a pena. Mesmo com todos os cuidados e os protocolos, não há garantia de segurança efetiva tanto aos servidores quanto aos alunos. O retorno agora não favoreceria a aprendizagem, que é o ponto mais importante: como pode se aprender em um ambiente inseguro? Não vale a pena o investimento em equipamentos e adaptações se não há como garantir a aprendizagem. Se houver a suspensão para este ano, isso causaria um alívio às famílias que vivem nesse ambiente de angústia sem saber o que está por vir”, argumenta Hermes.

Contudo, o documento não cita o cancelamento do ano letivo. “O que pedimos, nesse momento, é o não retorno presencial. O ano letivo deve ser analisado em outro momento, inclusive com a participação do Ministério Público. Será preciso avaliar como foi o aprendizado nesse período remoto para então discutir o tema”, ressalta o presidente da APP.

Greve da categoria

Caso o Estado não suspenda a volta às aulas e insista no retorno dos professores à sala de aula, os servidores devem cruzar os braços. “Se o governo mantiver a possibilidade de retomada, o indicativo é que faremos uma greve porque não vamos nos calar diante dessa situação. A saúde precisa ser prioridade nesse momento. E o secretário de Saúde, Beto Preto, deixou bem claro ainda hoje (5) em uma entrevista que não há possibilidade de retorno, pois os números estão muito altos no Estado. Ele fala isso com base técnica e é isso o que precisa ser levado em conta pelo governo”, acrescenta Hérmes Leão.

Mais alunos e menos servidores

Outro ponto observado pela APP-Sindicato no documento enviado à Seed é o aumento de alunos na rede pública por conta da migração de estudantes da rede privada de ensino desde o início da pandemia e a falta de servidores, que já existia antes mesmo da pandemia e que deve ficar mais acentuada agora. “Nós já reivindicávamos uma ampliação do número de servidores antes da pandemia, pois há um déficit nas escolas. Temos que lembrar que grande parte dos servidores faz parte do grupo de risco, por conta da idade e de comorbidades, e não poderá retornar ao trabalho agora. Os alunos que vieram das escolas privadas precisarão ser acomodados nos colégios; se já tínhamos salas lotadas antes, como será agora, com mais alunos e o distanciamento necessário? Há uma série de questões que precisam ser avaliadas antes do retorno”, explica Hermes Leão.

Ele cita ainda a estrutura precária de algumas unidades, onde não há banheiros em bom estado nem água disponível para higienização da forma recomendada.