Indicado para melhorar o contorno corporal, o enxerto de gordura é um procedimento muito realizado por aquelas pessoas que querem dar volume e preencher regiões como glúteos e face, mas não desejam recorrer às próteses de silicone ou aos preenchedores injetáveis. Porém, de acordo com o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University, o resultado desse procedimento acaba sendo imprevisível, já que a gordura enxertada é absorvida pelo organismo após um tempo indefinido.
Mas um estudo recente feito por pesquisadores da Universidade de Stanford apontou que a absorção da gordura pelo organismo e, consequentemente, a duração dos resultados do enxerto de gordura pode estar relacionada à idade do paciente.
Para chegar a esses resultados, os pesquisadores enxertaram gordura lipoaspirada de três mulheres saudáveis de meia idade no crânio de 15 camundongos de diferentes idades. Os roedores pertencentes ao primeiro grupo tinham três semanas de idade, correspondendo a pré-adolescentes humanos. O grupo B era formado por camundongos de seis meses de idade, o que equivale a um adulto de meia idade. No último grupo os animais possuíam um ano de idade, representando idosos.
A partir daí, os pesquisadores avaliaram a retenção do volume da gordura enxertada durante oito semanas. Após seis semanas, foi observado que o grupo A possuía uma média de 79,7% de retenção de volume contra 56,9% no grupo B e 45,9% no grupo C. Ao fim das oito semanas, a média de retenção de volume no grupo A ainda era de 73,3%, enquanto no grupo B o índice era de 45,3% e de 35,4% no grupo C. “Os resultados mostram que os camundongos mais jovens mantiveram maior volume de enxerto de gordura do que os ratos mais velhos, pois, em geral, os receptores mais jovens apresentavam melhor vascularização e enxertos mais saudáveis do que os receptores mais velhos”, explica Paolo.
Segundo o médico, apesar de existirem outros fatores que podem impactar a retenção do enxerto de gordura, os resultados do estudo mostram que o enxerto de gordura em pessoas mais jovens pode proporcionar benefícios maiores ao paciente, com resultados mais previsíveis, do que em pessoas mais velhas. “Dessa forma, é possível concluir que o momento ideal para a reconstrução de tecidos moles usando enxerto de gordura é em idades mais precoces, seja com o intuito de promover volumização ou para corrigir anomalias craniofaciais. Porém, mais estudos nessas áreas são necessários para confirmar se esses achados se estendem, ou não, a todas as causas da deformidade do tecido mole”.