POLÍTICA

Ratinho Jr discute tarifaço hoje; PR prepara plano para o dia 1°

Descubra como o Paraná pode ser impactado pelas novas tarifas dos Estados Unidos e quais setores estão em alerta - Foto: Reprodução
Descubra como o Paraná pode ser impactado pelas novas tarifas dos Estados Unidos e quais setores estão em alerta - Foto: Reprodução

Paraná - Com apenas 7 dias para as tarifas impostas pelos EUA (Estados Unidos da América) entrarem em vigor, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), deverá se reunir nesta sexta-feira (25) com representantes dos principais setores econômicos do Estado que poderão sofrer impactos diretos do tarifaço anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A medida anunciada pelo governo norte-americano entrará em vigor já no dia 1º de agosto e, estabelece uma alíquota de 50% sobre produtos brasileiros exportados ao mercado estadunidense.

Entre os setores econômicos do Paraná mais preocupados estão madeira e derivados, café, suco de laranja, indústria e agronegócio. Essas áreas contribuem significativamente para os US$ 1,5 bilhão em produtos exportados anualmente pelo estado aos Estados Unidos. Somente no primeiro semestre deste ano, o Paraná já vendeu US$ 735 milhões ao país.

A Secretaria da Fazenda do Paraná será responsável por receber as demandas apresentadas pelos setores econômicos impactados, com o objetivo de elaborar ações que possam amenizar os prejuízos provocados pelo aumento das tarifas norte-americanas. O intuito do encontro é analisar conjuntamente medidas econômicas e fiscais compensatórias que possam proteger empregos e manter a competitividade dos produtos paranaenses no mercado internacional.

O anúncio feito pelo presidente Trump em 9 de julho, em carta enviada ao presidente brasileiro Lula (PT), justifica a imposição da tarifa elevada como uma resposta ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo atual governo brasileiro. Trump mencionou na carta que considera Bolsonaro um líder “altamente respeitado internacionalmente”, classificando como “vergonha internacional” a postura do governo brasileiro com relação ao ex-mandatário.

Além do Brasil, países da União Europeia, Japão, Indonésia e México também serão afetados pelas novas tarifas norte-americanas, porém com percentuais diferenciados para cada nação.

Paraná prepara plano de contingência caso  “tarifaço ” entre em vigor dia 1º

O secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Marcio Nunes, afirmou por telefone à reportagem do Jornal O Paraná, enquanto participava de evento em Cianorte, no Noroeste do Estado, que o Paraná será um dos estados brasileiros menos afetados pela possível imposição de tarifa de 50% sobre produtos importados pelos Estados Unidos, prevista para entrar em vigor a partir de 1º de agosto.

Segundo Nunes, apenas 5% de tudo o que o Estado exporta tem como destino o mercado norte-americano, o que reduz consideravelmente o potencial de impacto em relação a outras unidades da federação. “De todos os estados brasileiros, o menos impactado será o Paraná”, assegurou.

O secretário destacou que a economia paranaense conta com uma importante credencial: o selo de sustentabilidade, cada vez mais valorizado no comércio internacional. “O Paraná possui um selo importante, o de sustentabilidade. Nossos produtos chegam a mais de 170 países”, ressaltou, apontando a diversificação e a reputação da produção paranaense como diferenciais estratégicos.

Mesmo com o cenário considerado favorável, o Governo do Paraná já se antecipou ao possível agravamento da situação comercial. “Já estamos nos organizando. O governador reuniu os setores diretamente impactados para discutir estratégias. E, caso a tarifação de 50% entre mesmo em vigor no início de agosto, o Estado já conta com um plano de contingência”, revelou. Segundo o secretário, os detalhes desse plano permanecem sigilosos por ora, mas visam mitigar os danos e preservar a competitividade dos produtos paranaenses no cenário internacional.

Entre os setores mais suscetíveis ao impacto das tarifas norte-americanas está o madeireiro. Conforme dados divulgados por Nunes, aproximadamente 60% da produção de madeira do Paraná é destinada aos Estados Unidos. “Esse sim será o setor mais afetado no Estado”, alertou. Outros segmentos também podem enfrentar dificuldades, ainda que em menor escala. “Em segundo lugar vem o setor da laranja, o sucroalcooleiro, além de alguma coisa na piscicultura e no mel”, completou o secretário.

Resiliência

Apesar das incertezas no campo do comércio exterior, o governo estadual reforça que a economia paranaense tem apresentado resiliência e mantém sua estratégia de ampliar mercados, com foco na sustentabilidade, qualidade dos produtos e certificações internacionais.

A expectativa é que, mesmo diante de uma eventual taxação por parte dos Estados Unidos, os efeitos sobre a balança comercial paranaense sejam pontuais e controláveis. “Estamos atentos e preparados”, finalizou Nunes.