Cascavel – Apesar da “guerra de narrativas” sobre o número de patriotas que estiveram na Avenida Paulista no domingo (180 mil, 750 mil ou 850 mil), a mobilização convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em “Defesa do Estado Democrático de Direito” superou todas as expectativas, chamando a atenção do mundo para o Brasil , com uma das maiores concentrações democráticas da história recente do país.
Com a presença de diversos deputados federais e estaduais, senadores e dos governadores Romeu Zema (MG), Tarcisio de Freitas (SP), Jorginho Mello (SC) e Ronaldo Caiado (GO), milhares de vereadores e prefeitos (incluindo o prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos) de todo o Brasil, além de cidadãos de todos os estados, o ato mostrou que a direita brasileira está “viva” e “organizada”, segundo postou o senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão.
“Desde a campanha das ‘diretas já’, não se viam atos democráticos como os de ontem [domingo,25]! A manifestação, ordeira e pacífica, ocorrida em São Paulo, mostrou ao Brasil e ao mundo que a direita conservadora tem voz ativa, excepcional capacidade de mobilização e está organizada para trabalhar suas pautas e seus candidatos para os pleitos de 2024 e 2026. Sim, Bolsonaro deu voz e voto para a direita e, aliás, colocar 800.000 pessoas na Avenida Paulista não é para qualquer um…”, escreveu Morão em seu post.
“O saldo é positivo para Bolsonaro. Um ato com essa presença maciça de pessoas nas ruas mostra sua força no jogo político. Evidentemente, não é isso que representa o que ele teria, eleitoralmente, em termos de votos, caso pudesse disputar uma eleição hoje. Mas indica que a oposição no Brasil está organizada em torno da figura do Bolsonaro”, afirma o cientista político Bruno Soller, especialista em comunicação política pela George Washington University, em entrevista ao Portal InfoMoney. “Foi um grande recado do bolsonarismo, como força de oposição, para o atual governo”, completou.
Pacificação e anistia
Em seu discurso, Bolsonaro deu ênfase à necessidade de pacificação do Brasil. “O que busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado; é buscar maneiras de nós vivermos em paz”, disse. O ex-presidente foi enfático na defesa da anistia dos acusados e condenados nos atos de 8 de janeiro. “Nós já a anistiamos, no passado, quem fez barbaridades no Brasil. Agora, pedimos a todos os 513 deputados e 81 senadores, um projeto de anistia para que seja feita justiça”, disse, destacando que “quem, porventura, depredou o patrimônio [público] – e nós não concordamos com isso – que paguem, mas estas penas fogem, ao mínimo da razoabilidade”.
As propostas de anistia estão sendo debatidos na Câmara e no Senado desde o ano passado.
Silas Malafaia desafia
O pastor evangélico Silas Malafaia, líder da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, um dos coordenadores do ato da Avenida Paulista, fez um dos discursos mais duros e críticos contra o STF (Supremo Tribunal Federal), aponto de a Polícia Federal considerar investigar o pastor sobre os “atos golpistas”. Em sua fala, Malafaia questionou varias decisões e declarações do ministro Alexandre de Moraes.
Ainda na noite de domingo, pelas redes sociais Malafia declarou: “Vem dizer que Bolsonaro terceirizou para mim os ataques ao STF. Que narrativa bandida! É o fundo do poço de uma imprensa cretina! Pois bem, eu vou fazer um desafio a quem quer que seja, até aos ministros do STF: eu desafio quem vai provar que eu menti, caluniei, ataquei o STF com injúrias. Eu falei verdades! Eu mostrei fatos! Querer produzir uma narrativa mentirosa para me atingir e atingir o presidente Bolsonaro? Eu combinei porcaria nenhuma! Será que não deu para ver que aquilo saiu do coração? Combinei porcaria nenhuma com Bolsonaro”, afirmou.
Na segunda-feira (26), em entrevista ao Portal 360, desafiou Moraes e o STF a contestarem duas palavras que expuseram apenas “fatos verdadeiros”. “Eu desafio qualquer um a dizer qual é a fake news, qual é a mentira e qual é o ataque. Falar a verdade, para muitos da imprensa, é ataque. Só mostrei fatos e falei a verdade”. Malafaia disse que apesar do “nível moral” e do “fundo do poço que alguns jornalistas chegaram”, o ato em favor de Bolsonaro foi “simplesmente sensacional, com 750 mil pessoas”. “Sempre tem alguém da imprensa com a sua narrativa maligna. […] Mas o ato foi espetacular. E eu tributo à minha fé a Deus e à sua glória”.
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