Eleito para um segundo mandato após um intervalo de quatro anos, Beto Lunitti fala sobre as mudanças pessoais e sinaliza que pretende colocar o Município de Toledo de volta no protagonismo do desenvolvimento regional.
Com 23.803 votos (33,7% dos votos válidos) Beto e seu vice, Ademar Dorfschimdt, prometem agir mais duramente no combate à pandemia e em ações para ajudar na retomada econômica.
O Paraná – O senhor volta à prefeitura após quatro anos de intervalo do seu primeiro mandato (2013/2016). Quem é o Beto de agora comparado com o Beto de oito anos atrás?
Beto Lunitti – Naturalmente, um Beto mais amadurecido, mais experimentado. Alguém que teve o tempo necessário para fazer a análise de toda a experiência adquirida na condição de prefeito, porque o tempo nos dá esse distanciamento, essa capacidade de olhar para o passado de forma mais clara, mais crítica até. E essa reflexão apontou a necessidade de algumas revisões e reforçou os princípios que sempre guiaram a minha vida política. Aliás, foi com base nesse amadurecimento que eu e o Ademar Dorfschimdt, meu vice-prefeito eleito, construímos nossa coligação, o programa de governo e o modelo de campanha, baseado em propostas e na discussão da política de forma cidadã, de forma séria, que resultaram em uma convergência de ideias e de propósitos com a população, resultando na nossa eleição. Hoje sou um homem mais experimentado e também mais convicto de que a política é a forma que temos de promover a transformação, os avanços, no sentido de colocarmos a economia a serviço da vida.
O Paraná – Sua equipe tem um quadro bastante feminino e jovem. Isso indica o tom que pretende dar à sua administração?
Lunitti – Sim, com certeza! Mas preciso acrescentar que, nesse processo de abrir espaço para a mulher e o jovem, mesclamos juventude e experiência com a valorização dos servidores de carreira. Buscamos a capacidade técnica, o conhecimento específico e os saberes de cada um para as funções que irão desempenhar. Esses fatores é que conceituaram a formação da nossa equipe de governo. E tudo isso dentro de uma proposta que foi apresentada e que recebeu o apoio da população, de uma reestruturação administrativa. Dos 27 cargos de primeiro escalão, estaremos nomeando apenas 18, sem prejuízo da funcionalidade do governo. Mais do que a economia de recursos, estamos sinalizando de maneira muito clara para a sociedade que o momento é delicado e que estamos cortando na própria carne. Vou dar um exemplo concreto: temos lá no organograma da prefeitura a Secretaria da Mulher e a Secretaria da Juventude. Mas, quando você olha para o orçamento, vê que os recursos destinados para a Secretaria da Mulher, especificamente, são consumidos quase que exclusivamente pela folha de pagamento. Quer dizer: a secretaria existe, mas não existem recursos para sua atuação efetiva. Então, reunimos as duas pastas com um cargo de primeiro escalão, assegurando recursos para o desenvolvimento de ações e programas, que é o que importa.
O Paraná – Quais suas prioridades no início da gestão e por quê?
Lunitti – Nossa prioridade absoluta é a eficiência. Governo bom é governo que funciona! Tudo é importante. Todos os setores da administração merecem atenção e temos ações e programas para desenvolver porque temos pressa em avançar, em construir solução para os problemas.
Neste momento inicial, nossa prioridade zero é o combate à pandemia. Vamos agir de maneira muito firme e intensa, porque é preciso recuperar a capacidade de intervenção do Município nessa questão em especial. Não podemos apenas “acompanhar” a situação, culpar a falta de insumos e leitos e lamentar a perda de vidas. Seremos proativos, queremos tomar a dianteira e falar muito claramente com a nossa população. Estamos diante de uma calamidade, de uma situação excepcional que não pode ser vista como normal porque está se estendendo no tempo. Existe hoje uma exaustão na sociedade, um cansaço emocional, me parece, um tipo de estafa que está levando as pessoas a tomarem inconscientemente atitudes de desleixo quanto aos cuidados com o uso correto da máscara e da higienização com álcool gel e, principalmente, o relaxamento da necessidade do distanciamento social. O enfrentamento da pandemia é possível! Um ano depois, praticamente, temos o conhecimento científico e os meios para evitar o pior e fazer com que a vida continue. Mas, essa não é uma questão política. Não é problema só dos governos. Essa é uma luta de toda a sociedade. Combater o vírus é responsabilidade de todos. Isso está mais do que claro! Só que, como se diz, o que é de todos não é de ninguém… Então, precisamos evoluir para a compreensão de que a responsabilidade é basicamente individual, é de cada um.
Vamos deixar para trás termos como “caos”, “lockdown” e “restrição de direitos”. Nossa linha de atuação será da liberdade com responsabilidade.
O Paraná – Quais as principais carências hoje de Toledo? E os pontos fortes?
Lunitti – Toledo é uma cidade linda, que nos orgulha! Somos tidos como um município rico, uma bela cidade para se viver. Isso é apenas parcialmente verdadeiro. Temos muito o que avançar para que essa riqueza realmente seja transformada em qualidade de vida para todos. E esse é o papel do poder público municipal. Temos o compromisso e a responsabilidade de fazer com que a administração municipal estabeleça as condições necessárias para o desenvolvimento de Toledo nos seus aspectos econômico, social e humano. Como prefeito e vice, eu e o Ademar, com a nossa equipe, com o Legislativo e com as forças da sociedade, queremos criar ambientes favoráveis para o desenvolvimento integral e integrado, estimulando, apoiando, construindo soluções, apontando caminhos para o futuro, sempre com base na convergência de propósitos.
Vocês vão nos ouvir falar muito disso. Porque podemos ser diferentes, podemos ter opiniões diferentes, mas temos de ser capazes de convergir e de agir em conjunto naquilo que é do interesse da população.
No plano imediato, nos preocupa a retirada do auxílio pago pelo governo federal, que vai provocar brutal queda na capacidade de consumo do setor mais fragilizado da população. Estamos pensando em criar frentes de trabalho, em oferecer alternativas para enfrentar esse problema e evitar o efeito dessa queda de renda no desempenho da nossa economia, que vai resultar em mais dificuldades e aumento do desemprego. Então, precisamos ter uma linha de atuação nesse sentido. Já!
Temos também o compromisso de viabilizar o funcionamento do Hospital Regional. Não dá mais para deixar essa situação como está. É simples? Não! Mas precisa ser feito e nós vamos fazer. Eu e o Ademar já estivemos com o governador Ratinho Júnior e com o secretário da Saúde, Beto Preto, para tratar dessa questão. Já iniciamos o processo de construção da solução, que vai envolver o governo estadual e também os municípios da nossa região.
O Paraná – Se depender do senhor, como será a integração de Toledo com a região?
Lunitti – Eu e o Ademar temos uma visão muito clara desse processo. E de novo preciso dizer que esse também foi um tema tratado abertamente na campanha que nos elegeu. Toledo precisa retomar o seu protagonismo regional, precisa desempenhar seu papel, porque disso depende o equilíbrio regional. Não se trata de reacender a rivalidade com Cascavel, ou querer ser mais que os demais municípios. Pelo contrário! Estamos partindo da compreensão e do entendimento de que cada município tem seu potencial, sua contribuição e sua responsabilidade no processo de desenvolvimento regional. E, do nosso ponto de vista, nos últimos anos Toledo deixou de lado essa responsabilidade.
A solução dos grandes problemas, o encaminhamento das grandes questões, não se dá apenas nos territórios locais. Isso se dá nos municípios, mas de forma articulada, construída em conjunto, somando forças e esforços. Um exemplo claro disso é o pedágio. Não temos pedágio nas estradas que cortam nosso município, mas o alto custo do pedágio impacta nossos produtores. Temos a questão ambiental, a discussão de novas matrizes energéticas e a construção de um modelo de desenvolvimento que parta da força do agronegócio, mas que busque o maior valor agregado, a inovação e a tecnologia.
Será que não está na hora de a gente cobrar a extensão da Ferroeste até o Mato Grosso do Sul? A necessidade e os projetos existem. Nós, Toledo, região e o Paraná, temos imenso interesse nisso. Os desafios existem e são enormes, mas seremos presentes, parceiros. Seremos atuantes na discussão e na articulação, na defesa de tudo o que for do interesse regional e do fortalecimento da economia do Paraná e do País.