Estatística da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) mostra uma redução acentuada no número de homicídios dolosos em Cascavel em 2019 em relação ano anterior. A redução, de 26,32%, foi a maior entre as seis grandes cidades do Paraná, inclusive a Capital. Se for levar em consideração o mesmo período de 2017, a queda é anda maior. De 2017 a 2019 a redução chegou a 40,43%.
Os números levam em consideração os nove primeiros meses – janeiro a setembro – de cada ano. No ano passado, foram assassinadas 28 pessoas, enquanto que em 2018 o número de mortes chegou a 38. Em 2017, foram contabilizados 47 assassinatos. Autoridades ligadas à segurança pública destacam os fatores que levaram a essa redução dos casos de violência contra a vida.
Para o subcomandante do 6º BPM (Batalhão de Polícia Militar), major Cícero de Oliveira Tenório, a redução do índice de criminalidade está ligada a um conjunto de fatores e não apenas as ações de polícia. “É claro que a polícia é muito importante, mas tem a questão social e tudo isso ajuda”, afirma o oficial.
O major Cícero, que atualmente está respondendo interinamente pelo comando do 6º BPM, afirma que investimentos sociais feitos pelo poder público como melhorias na infraetrutura, novas escolas, parques de lazer são determinantes para a redução nos índices de violência.
A criação da Guarda Municipal, a implantação de três Unidades Paraná Seguro (UPS) em bairros considerados críticos e o aumento do efetivo da Polícia Militar são apontados pelo major como pontos que auxiliaram na queda da violência. “Certamente isso e isso acaba inibindo, coibindo a taxa de ilícito”, observa.
Guarda Municipal
A queda acentuada coincide com a implantação da Guarda Municipal, que ocorreu em fevereiro de 2017, quando foi incorporada a primeira turma que iniciou os trabalhos preventivos de segurança. Em novembro do ano passado, foram incorporados mais 65 agentes e a corporação passou a ser composta por 101 homens. Nos últimos anos, o Município de Cascavel já investiu aproximadamente R$ 15 milhões em segurança pública. “Segurança Pública é sempre um desafio porque é dever do Governo do Estado, mas é um direito da sociedade local e um dever do Município em fazer a sua parte”, destaca o prefeito Leonaldo Paranhos.
De acordo com os dados da Senasp, Curitiba apresentou redução de 23,73%. Entre as grandes cidades também houve redução em Ponta Grossa (15%) e Foz do Iguaçu (18,97%). Londrina e Maringá destoaram e tiveram aumento de 17,65% e 5,56%, respectivamente. No Paraná, a redução foi de 16,02% e no Brasil 21,94%.
Cascavel já chegou a ter 151 assassinatos em um ano
A violência em Cascavel já chegou a ser assustadora. Em 2012, por exemplo, 151 pessoas foram vítimas de assassinato, segundo dados da Polícia Civil. Naquele ano, o governo do Estado implantou a Delegacia de Homicídios e, consequentemente, os números começaram a despencar.
“A partir do momento em que se criou uma delegacia especializada para combater os crimes dolosos contra a vida, a gente passou a ter investigadores que trabalham exclusivamente com isso e que estão à disposição 24 horas por dia para atender a ocorrência de crime. Logo que acontece um homicídio a equipe já se desloca para iniciar a investigação. A gente sabe que as primeiras horas, logo após a prática do homicídio, elas são fundamentais para elucidação, porque é quando você consegue ter o conhecimento das testemunhas e até mesmo uma melhor analise da cena do crime, de elementos que podem ser coletados para uma análise pericial posterior”, avalia a delega Raísa Scariot, titular da Delegacia de Homicídios.
A delegada destaca ainda que a redução paulatina dos crimes contra a vida também é resultado de muito trabalho, que inclui outros órgãos de segurança, como a Guarda Municipal e Polícia Militar que fazem trabalhos ostensivos e auxiliam na prevenção dos assassinatos. Além disso, foram criadas varas especializadas no Tribunal do Júri, o que deu celeridade ao julgamento dos casos.
Elucidação
A taxa de elucidação dos crimes contra a vida em Cascavel no ano passado foi de 85,71%, o que, segundo a delegada, pode ser comparada a países de primeiro mundo. “Crimes levavam 10 anos para ir a júri, hoje temos casos do ano passado que já foram julgados. Então as pessoas não respondem mais tanto em liberdade. Antes as pessoas cometiam quatro ou cinco homicídios até serem presas e hoje, com um melhora no aparelhamento da Delegacia de Homicídios e mais agilidade do Poder Judiciário, essas pessoas começam a ter sua segregação mais rápida”, avalia.
Ao longo dos 12 meses do ano passado, a queda, segundo números da Delegacias de Homicídios, foi de 33,96%, caindo de 53 para 35 casos.