Reportagem: Cláudia Neis
Guaíra – Faltando pouco mais de um mês para completar um ano de funcionamento em Guaíra e Foz do Iguaçu, a Operação Hórus – que visa combater o contrabando nas regiões de fronteira – já contabiliza R$ 318 milhões de prejuízo causado aos criminosos com a apreensão de produtos e R$ 186 milhões de prejuízo evitado aos cofres públicos, ao impedir que a mercadoria ilegal entrasse no País.
Mas são os números de apreensões de cigarros contrabandeados que chamam mais atenção. Em dezembro e janeiro o volume de apreensões ficou bem abaixo da média mensal. Em novembro, por exemplo, foram apreendidos 525 mil maços e o total de mercadorias apreendidas foi de R$ 4.486.025. Em dezembro, foram pegos 56 mil maços, quase 90% a menos. Nesse mês, o prejuízo aos criminosos foi de R$ 4.964.472.
Janeiro já mostra recuperação, com 516 mil maços apreendidos, e o prejuízo total ao crime foi de R$ 12.294.000.
Em fevereiro explodiu: 908.500 maços apreendidos. Nesse mês, as apreensões totais somaram R$ 4.556.000.
A variação é explicada pelo coordenador-geral de fronteiras da Seopi/MJSP, Eduardo Bettini, pela “folga” de fim de ano dos criminosos. “Essa redução de contrabando no fim do ano e até no início também é registrada historicamente. É que até os criminosos tiram um período de folga entre dezembro e janeiro… Até o dia 15 de dezembro temos um volume próximo da média, mas depois disso cai bastante. Início de janeiro também, mas na sequência já volta a ter maior atividade e os números ficam próximos à média”, explica.
Sobre o volume apreendido em fevereiro, ele atribui ao aumento no transporte de contrabando para compensar os dias de folga. “É importante frisar que, mesmo no período festivo, as fiscalizações não sofreram alteração. Estivemos trabalhando com todo o efetivo”, acrescenta Bettini.
Segundo ele, de modo geral está sendo cumprido o que foi proposto: trabalhar para combater o crime nas fronteiras. “Pelos números podemos observar que já avançamos bastante no quesito de enfraquecer a fonte pela qual os criminosos conseguem financiar outros crimes. Esperamos que um dia essas apreensões reduzam muito, ou seja, a cultura seja modificada”.
Bettini adianta ainda que em breve deve ser firmada nova parceria com a Operação Muralha, que geralmente concentra esforços na BR-277, perto de Foz do Iguaçu.
Um ano de Hórus com reforço tecnológico
A Operação Hórus completa um ano em abril e deve a partir de então contar com um sistema de comunicação mais moderno e seguro. A instalação de equipamentos de radiocomunicação e georreferenciamento ao longo da faixa de fronteira do Brasil com o Paraguai vai permitir a comunicação entre os agentes de segurança, além de monitoramento por vídeo. Os primeiros equipamentos já estão sendo instalados e devem começar a funcionar em abril. Até setembro, todos os equipamentos previstos estarão em funcionamento, proporcionando aos agentes mais segurança e precisão na comunicação.
Outra novidade é a instalação de uma base integrada em Porto Felício, Querência do Norte, para auxiliar também no combate a crimes ambientais e contrabando de defensivos agrícolas.
Agentes do programa também auxiliarão a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) e o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) na fiscalização em toda a fronteira com a Argentina, em uma faixa que vai de Capanema até Barracão (SC), a fim de evitar a entrada clandestina de animais vacinados contra a febre aftosa, uma vez que deixou de fazer a vacinação para conquistar novo status.