Economia

Hórus: Bloqueio em Guaíra já evitou entrada de R$ 12 bilhões em contrabando

Números de agosto mostram redução nas apreensões de cigarro e aumento nas apreensões de entorpecentes

Operação coíbe contrabando por terra e água  - Foto: ANPR 
Operação coíbe contrabando por terra e água  - Foto: ANPR 

O fortalecimento do combate ao contrabando na região de fronteira com a implantação da Operação Hórus, que é permanente e conta com a ação integrada de diversas forças de segurança, já evitou a entrada no Brasil, por Guaíra, de R$ 12 bilhões em contrabando desde abril do ano passado. “Contabilizando somente a estatística bloqueada, já são R$ 12 bilhões em mercadorias que não entraram no País. Isso com a instalação da base em Guaíra e o bloqueio ao norte da Ponte Ayrton Senna, onde mais de 200 lanchas traziam todas as noites contrabando”, explica o coordenador-geral de fronteiras da Secretaria de Operações Integradas, Eduardo Bettini.

Segundo ele, esse bloqueio, aliado às apreensões realizadas, tem impacto significativo na economia brasileira. “Além de impactar de forma negativa na capacidade financeira das organizações criminosas, um levantamento realizado com base nesses números mostrou que, por conta do Programa Vigia [do qual a Hórus faz parte], houve um aumento de 36% na produção de cigarro nacional. Ou seja, não entrando o contrabandeado, cresceu a indústria nacional. Isso começou gerando emprego e renda lá no campo, com o plantio de fumo, depois na indústria e afins. São números muito expressivos e mostram que o combate ao contrabando e ao crime organizado traz melhoria para a sociedade como um todo”, revela Bettini, que acrescenta: “É preciso olhar a segurança pública de maneira ampla na sociedade, não somente na prisão e apreensão o trabalho vai muito além disso”.

Desde o início da operação, o prejuízo acumulado aos criminosos, com base no valor dos produtos apreendidos, é de R$ 1,5 bilhão e o prejuízo evitado aos cofres públicos, relacionado a impostos desses produtos que não seriam arrecadados, é de R$ 400 milhões.

Menos cigarros, mais drogas

Os números de agosto da Operação Hórus no Paraná mostram redução nas apreensões de cigarro e aumento nas apreensões de entorpecentes.

Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o volume de drogas apreendidas cresceu 498%. Foram recolhidos 2.433 quilos contra 406,80 quilos em 2019.

Já os cigarros passaram de 6.207.060 de maços em 2019 para 2.474.936 maços este ano, queda de 60,12% no período. “Esses números já mostram uma certa fadiga das organizações criminosas que vêm sendo reprimidas de maneira constante. Outro fator que também pode estar ligado a essa mudança é uma tentativa de migração de cigarros para as drogas, que pode ser causada pelo aumento da produção nacional do cigarro. É uma série de fatores”, admite o coordenador-geral Eduardo Bettini.

Outro dado destacado pelo coordenador é o aumento nas apreensões de veículos e a redução de embarcações. “Se comparado ao ano passado, passamos de 49 para 69 veículos no mês. Já as embarcações passaram de 13 para 9 apreendidas. Isso mostra que o bloqueio e a fiscalização no rio têm surtido efeito”, garante Eduardo.

Divisor de águas
O novo sistema de comunicação, que vai permitir que equipes se comuniquem por meio de rádios e haja troca de informações em tempo real entre diversas forças de segurança especialmente na fronteira, já está instalado e deve entrar em funcionamento na próxima semana. “A Sesp [Secretaria de Estado e Segurança Pública] do Paraná vai custear a internet e a energia elétrica do sistema e deve fazer a ativação nos próximos dias. Com as torres funcionando, os rádios serão distribuídos e o sistema começa a ser utilizado. Sem dúvida, essa tecnologia vai trazer mais efetividade nas ações e será um divisor de águas na operação. Será possível coordenar equipes, conectar com o serviço de inteligência, forças locais e, com um sistema de disk denúncias, dar uma reposta imediata ao combate ao crime organizado”, garante Eduardo Bettini.

O sistema, que já em funcionamento na região de Querência do Norte, resultou em diversas apreensões significativas de drogas. A instalação do mesmo método de comunicação também já foi iniciada no Amazonas e vai permitir a troca de informações com as forças de segurança aqui, da região.

“Estamos investindo na valorização dos profissionais e na tecnologia para que o trabalho seja cada vez mais aprimorado e o que esperamos com o tempo, a longo prazo, é a redução de apreensões, pois o nosso maior objetivo é desestruturar as organizações fazendo com que reduza a capacidade bélica, financeira e o poder de corromper pessoas, reduzindo, assim, a criminalidade em todo o País de forma significativa”, espera Bettini.

Reportagem: Cláudia Neis