Cascavel – Na luta para anteciparem a vacinação contra a covid-19, profissionais de segurança vão engrossando as estatísticas de casos e mortes. Oficialmente, a Sesp (Secretaria da Segurança Pública do Paraná) informa que 23 servidores morreram por complicações da covid-19 desde o início da pandemia até essa segunda-feira (29). Os dados se referem a 13 policiais militares e bombeiros, quatro policiais civis, e seis agentes penitenciários (policiais penais).
Contudo, as entidades ligadas a esses profissionais têm números maiores. Seriam 35 mortes e mais de 2.020 servidores já infectados pelo novo coronavírus. De acordo com levantamento da UFS (União das Forças de Segurança Pública do Paraná), dados registrados até o fim de fevereiro mostram que, em Curitiba e Região Metropolitana, mais de 830 policiais e bombeiros militares em atividade foram contaminados.
Nessa segunda-feira (29), a Polícia Militar do Paraná publicou homenagem ao cabo Josnei Guilherme Felsinger, que morreu no fim de semana. Ele estava internado UTI do Hospital Regional São Camilo, em União da Vitória. Felsinger é o quinto PM vítima da doença só neste mês.
O Simpoapar (Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares do Paraná) informou que até o dia 4 de março já tinham sido registrados 51 contaminados e afastados na Polícia Científica, 10% do quadro de profissionais (516 peritos oficiais e auxiliares).
De acordo com o Sindarspen (Sindicato dos Policiais Penais do Paraná), até o dia 23 deste mês, 845 servidores que atuam nas penitenciárias haviam sido infectados pelo novo coronavírus, dos quais sete morreram, três deles dias 20 e 21 deste mês.
O primeiro óbito na categoria foi registrado no dia 4 de agosto do ano passado E, no último sábado (27), aconteceu mais um: o agente penitenciário Eliseu Moscardi dos Santos, de Ponta Grossa, estava aposentado e tinha 60 anos. O diretor do Depen (Departamento Penitenciário do Paraná), Francisco Caricati, lamentou a morte. “É um momento muito difícil para todos nós. Milhares de famílias vitimadas por essa doença. O Depen está em luto. É doloroso assistir à partida de tantos servidores que ajudaram a construir a nossa história”.
Segundo a Adepol-PR (Associação dos Delegados de Polícia), ao menos 20 delegados em atividade se contaminaram e três profissionais morreram, todos aposentados.
Na Polícia Civil, até sexta-feira (26), 275 servidores tinham testado positivo para a doença. Três estão internados em UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) e nove morreram em decorrência da doença, número maior do que o informado pela Secretaria de Segurança, que contabiliza quatro mortes.
Só em Cascavel, desde o início da pandemia, 40 policiais civis contraíram covid-19, desses, três foram internados e um morreu na última quinta-feira (25): o investigador da Luiz Rodolfo Michalouski tinha 37 anos de idade. Ele atuava na Delegacia de Homicídios desde 2018, mas integrava o quadro da Polícia Civil havia dez anos. Ele foi sepultado em Prudentópolis.
Na semana passada, policiais de todo o País pararam por uma hora para pedir celeridade na vacinação.
O delegado-geral da Polícia Civil do Paraná, Silvio Jacob Rockembach, lamentou as mortes, mas criticou os atos e as reivindicações dos policiais com relação à imunização e às condições de trabalho. “Infelizmente, no primeiro trimestre, perdemos irmãos de profissão que morreram por conta da covid. Lamento a morte desses policiais, mas, ao contrário do que alguns dizem, de forma irresponsável, nosso departamento e a Secretaria de Segurança do Paraná nunca mediram esforços para que os policiais tivessem condições seguras de trabalho e todos estão empenhados para garantir a vacinação o mais rápido possível”.
Policiais pedem antecipação da imunização
Sindicatos e associações das categorias de segurança pedem a inclusão dos policiais nos grupos prioritários para receber a vacina, alegando que atuam nas fiscalizações do cumprimento de medidas de prevenção à doença, expostos à contaminação.
No Paraná, o Plano Estadual de Vacinação dividiu em 21 os grupos prioritários para receber a imunização e o governo do Estado informou que não pode incluir os profissionais em grupos prioritários por estar seguindo o PNI (Plano Nacional de Imunização).
A secretária do Sinclapol (Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná), Valquíria Gil, ressalta que vários municípios do Brasil adicionaram os servidores da segurança pública em grupos prioritários e que não há impedimento para que o Paraná faça o mesmo.
O Sindarspen (Sindicato dos Policiais Penais do Paraná) também reivindica a antecipação da vacina, incluindo 2.763 policiais penais e 1.480 agentes de cadeia, no grupo 10 de “Forças de Segurança e salvamento”, previsto para ser imunizado em abril, ficando atrás apenas dos idosos e pessoas em situação de rua.
Profissionais da saúde e da educação também estão morrendo por covid
Dados da Sesa (Secretaria de Saúde do Paraná) mostram que até o dia 19 de março, 241 profissionais da saúde haviam morrido de covid-19, incluindo 71 da área de enfermagem, 50 médicos, 33 profissionais de farmácia, 21 da área de odontologia e 19 que atuavam como cuidadores de idosos. Uma semana depois, o número já havia aumentado para 280, sendo 87 da área de enfermagem, 51 médicos, 37 na área de farmácia, 24 dentistas e 21 cuidadores de idosos, entre outras categorias.
A Seed (Secretaria de Educação do Paraná) informou que não tem dados sobre as mortes dos profissionais pela covid-19.
A APP-Sindicato informou que até o dia 22 deste mês 68 profissionais da educação faleceram em decorrência da covid-19 no Paraná, e que até a última segunda-feira (29), havia aumentado para 80.