Cotidiano

Vereadores de Umuarama pedem que MP investigue qualidade da água

Os vereadores justificam o pedido relatando que é constado um alto índice de câncer na população do município e há relatos que as causas de terem contraído a doença se deve ao fato de a água estar contaminada

Vereadores de Umuarama pedem que MP investigue qualidade da água

UMUARAMA – Um grupo formado por quatro vereadores, protocolou junto à Promotoria do Meio Ambiente de Umuarama, um documento pedindo a investigação sobre a qualidade da água coletada pela Sanepar e que é distribuída em Umuarama. Eles se basearam em um estudo feito pela Sisagua – Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano do Ministério da Saúde, que aponta a descoberta de 27 tipos de agrotóxicos na água coletada na cidade, mas não levaram em conta que as coletas feitas pelo Sistema não aconteceram no manancial que abastece o município.

Por outro lado, o IFPR está realizando uma pesquisa paralelamente, que visa verificar a qualidade da água coletada no rio Piava, que é o manancial de abastecimento de Umuarama e também onde é coletada a água para tratamento pela Sanepar.

O oficio de úmero 111/2019 enviado ao promotor Paulo Robles Estebom, solicita uma investigação por parte do MP, pois no estudo apresentado pelo Sisagua consta que a água da cidade é imprópria para o consumo.

Os vereadores Ana Novais, Jones Vivi, Deybson Nitencourt e Mateus Barreto justificam o pedido relatando que é constatado um alto índice de câncer na população do município e há relatos de que pacientes de que as causas determinantes de terem contraído a doença se deve ao fato de a água consumida estar contaminada, o que também justifica a desconfiança da população quanto ao serviço e produto ofertado.

Os parlamentares pedem também a elaboração de um laudo pericial por um órgão competente que ateste a qualidade da água que abastece e é servida pela Sanepar à comunidade umuaramense.

Eles querem saber se a água analisada se enquadra nos padrões de qualidade e segurança do Ministério da Saúde.

De acordo com o vereador Deybson Bitencourt, a intenção é provocar o Ministério Público. “Nós fizemos o que está a nosso alcance e, mesmo pelo fator de as coletas feitas pelo Sisagua não terem sido no rio Piava, o MP, por sua vez, se tomar alguma atitude, analisará obviamente a água do manancial de abastecimento da cidade e portanto, teremos uma resposta. Assim aliviaremos os anseios e os pedidos da comunidade”, ressalta.

Pesquisa do IFPR

Instituto Federal realiza analises constantes nos rios da cidade

No início de maio, pesquisadores do Instituto Federal do Paraná (IFPR) de Umuarama revelaram à reportagem do Tribuna Hoje News que uma pesquisa sobre a qualidade de água coletada no rio Piava está em andamento.

Ao contrário do Sisagua, que encontrou a mistura de diferentes agrotóxicos presentes na água em mais de 90% das cidades do Paraná, numa combinação detectada em coletas e análises realizadas por empresas de abastecimento do estado entre 2014 e 2017 e que integram relatórios do Sistema, os pesquisadores do Instituto realizam a coleta somente no rio Piava de maneira sazonal e trimestral.

De acordo com a bióloga e pesquisadora colaboradora do IFPR Priscila Brustin, a pesquisa vem sendo realizada há cerca de um ano, sob a orientação da Dr.ª Norma Barbado.

Priscila explica que todas as coletas foram feitas em vários pontos do rio Piava. “São coletas sazonais e trimestrais, em pontos diferentes do Piava, e por isso não temos como apresentar um prazo para o resultado doas avaliações”, comenta, ressaltando que ainda faltam coletas a serem realizadas. “Através de uma parceria, estamos enviando as amostras para um laboratório em Maringá, onde é feita a análise. Temos que nos lembrar de uma coisa muito importante: a nascente do rio Piava fica em uma Área de Preservação Ambiental (APA)”.

Protocolo

Priscila reforça que o trabalho segue um protocolo internacional que é utilizado em todas pesquisas. “Seguimos algumas diretrizes, para que os resultados não sejam refutados judicialmente no futuro”.

Ela ressalta que a pesquisa ainda está em andamento e a única previsão é de que o resultado possa ser divulgado até o final deste ano.

“Como é uma pesquisa de alta relevância, pedimos paciência ás pessoas para que os resultados estejam completos. Como devemos seguir o protocolo internacional, os resultados não podem ser contestados posteriormente”, encerra.

Água no PR

Em 326 dos 399 municípios paranaenses foram detectadas as 27 variedades de pesticidas testadas, incluindo a capital Curitiba. E em 28 cidades pelo menos um agrotóxico estava acima do limite permitido, casos de Araucária, Guaratuba, Paranaguá e São José dos Pinhais, por exemplo.

O Paraná só não apresenta um cenário pior que São Paulo, onde 504 cidades apresentaram todos os agrotóxicos analisados. Na proporção, entretanto, o caso paranaense é mais substancial.

Por lei, as companhias de abastecimento são obrigadas a verificar periodicamente a presença de 27 tipos de pesticidas na água que circula na rede de distribuição – no RS são testados 46 agrotóxicos. Entre os pesticidas estão 16 que são classificados pela Anvisa como altamente ou extremamente tóxicos. Os 11 restantes estão associados ao desenvolvimento de problemas de saúde, como câncer, disfunção endócrina e malformação fetal, de acordo com agências ambientais e de saúde dos Estados Unidos e da União Europeia. Nove pesticidas da lista são proibidos no Brasil, mas mesmo assim constam nos dados do Sisagua.