Cotidiano

Tropical: Educação premiada

O Bairro Recanto Tropical, na região oeste de Cascavel, além de tranquilo, estruturado e bom para se viver, possui duas instituições muito importantes para a cidade: o Ceep (Centro Estadual de Educação Profissional) Pedro Boaretto Neto e a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). E você sabia que esses dois locais de educação e socialização foram premiados com uma iniciativa muito interessante?

Paula Hang, aluna do quarto ano do curso técnico em informática do Ceep, idealizou um projeto que dá voz a pessoas com paralisia cerebral e outras síndromes e doenças. Essa iniciativa conquistou o Prêmio Destaque na Área de Ciências Sociais Aplicadas na 2ª Feira Mineira de Iniciação Científica no Município de Mateus Leme, na Região Centro-Oeste do País.

Envolvida há pouco mais de um ano com o: "Falando: Comunicação Ampliada para Pessoas com Paralisia Cerebral", a ideia que usa técnicas existentes, atreladas a modernidade, bancos de dados, códigos de barras e outros aparatos técnicos, visa ao bem-estar do portador e facilita a comunicação com a família e cuidadores.

“A ideia surgiu através da fonoaudióloga Vanilza Braz, que trabalha com educação especial na Apae. Ela observou as principais dificuldades de seus pacientes e nos propôs desenvolver algo que ajudasse na comunicação e principalmente na interação família/portador da paralisia cerebral”, conta Paula. “A paralisia cerebral gera grandes limitações e não seria viável desenvolver algo totalmente novo, e foi assim que decidi aperfeiçoar o Pecs [uma forma alternativa de comunicação já usada nas escolas especiais]”.

Paula explica que o Pecs funciona como um sistema de troca de figuras em que a pessoa pega a imagem que representa o que ela deseja, coloca em uma ficha e entrega para o cuidador ou familiar. Conforme a fonoaudióloga, a Apae Cascavel foi pioneira no Brasil com o Pecs e hoje novamente está no topo, sendo a primeira a atualizar a técnica com o Ceep. “Além de ajudar as pessoas com paralisia cerebral, a tecnologia se expande para a Síndrome de Down e o autismo, que em alguns casos não falam ou não conseguem uma comunicação nítida. A nossa Apae é pioneira mais uma vez, aperfeiçoando uma técnica que queremos levar para as Apaes do Brasil”, enfatiza Vanilza.

Conforme a profissional, na Apae, cerca de 60% dos alunos têm dificuldades com a fala.

Quanto à adaptação, Paula explica: “Pegamos as figuras, colocamos um código de barras e desenvolvemos um banco de dados onde fica armazenado o arquivo de áudio que será reproduzido, dando voz à pessoa”.

BOX

Futuro

O professor Gelson Leandro Kaul, que orientou e deu suporte a todo o trabalho de Paula Hang, disse que uma forma de baratear os custos e facilitar o uso é substituir o código de barras por um QR Code, que deve reduzir o investimento para R$ 300.

A fonoaudióloga Vanilza Braz afirma que é de extrema importância o barateamento da tecnologia, já que, segundo ela, 80% dos alunos pacientes da Apae têm dificuldades financeiras. “Fizemos os testes somente aqui na Apae, ainda ninguém levou para casa. Mas garanto que foi um sucesso, deu supercerto! E é uma evolução mais que necessária, estou bem feliz! Esperamos em breve poder mandar isso para as famílias, depois de todos os testes e os aperfeiçoamentos”.

Único no Paraná

O projeto de comunicação aplicada da Paula Hang foi possível graças ao Núcleo de Iniciação Cientifica do Ceep, que é o único colégio do Estado com esse departamento. “Foi uma iniciativa dos professores, de colocar o aluno para desenvolver e tentar viabilizar suas ideias. É um diferencial da nossa instituição, que contribui para a construção dos nossos alunos. Somos únicos!”