O recuo do preço do tomate mês passado não durou muito. É possível tomar susto após susto a cada ida ao mercado. Esta semana, por exemplo, o produto chegou a R$ 8,99 o quilo, mas os preços têm variado entre R$ 7 e R$ 9. Motivo: o clima não está colaborando para uma boa safra.
O analista de mercado Olívar da Rocha explica que a compra do produto é feita por safras em diversas regiões do País. De janeiro a abril o tomate longa vida é comprado de Santa Catarina e em maio é a produção paranaense quem abastece o mercado.
“Já era para estarmos comprando da safra paulista, mas, devido à queda de temperatura na metade de maio a safra de São Paulo também sofreu queda”.
Ele explica que o normal, para esta época do ano, é aproveitar de 80 a 90% da plantação, mas o frio altera o cenário e alguns produtores colheram apenas de 30 a 40% da safra.
Apesar do valor alto, o produto continua dentro de algumas casas. O gerente de mercado Gilmar Gomes conta que o tomate ainda é o produto mais procurado dos hortifrutis. “Os preços são temporários e o consumidor não deixa de comer. Alguns clientes passam dois tomates no caixa, mas estão comprando”.
Substituições
Com o preço nas alturas, o jeito é o consumidor buscar alternativas para não ficar sem salada.
De acordo com o gerente de mercado Gilmar Gomes, o pepino e a alface estão entre os produtos preferidos dos clientes. Quem comprova é o engenheiro agrônomo Helvecio Garla, que foi ao mercado comprar pepino. “Nós não ficamos sem salada em casa. Então selecionamos bem antes de comprar”. No entanto, Helvecio também levou tomate: mas apenas dois.
Quantidades menores
Se não dá para ficar sem, dá para reduzir. É isso que a autônoma Ivanir Crosa faz. Ela até selecionou dez tomates, mas acabou levando apenas quatro. “Geralmente eu compro um quilo, mas com o preço a quase R$ 9 pesa muito no bolso comprar várias unidades”.
Se em casa o volume reduz, na Ceasa (Central de Abastecimento S/A) isso também ocorre. De acordo com o analista de mercado Olívar da Rocha, apenas um caminhão com 15 toneladas chega por dia. Quantidade vendida para mais de 50 municípios da região.
Os mercados também preferem não arriscar e compram menos. “Há uns 60 dias, quando estava mais calor, a gente chegava a trabalhar com 500 quilos por dia de tomate, mas hoje estamos comprando 120 quilos”, conta o gerente de mercado Gilmar Gomes.
Normalizar
Para o preço voltar a ser atrativo ainda vai um longo caminho: depende de as temperaturas subirem. E olhe que o inverno só começa na outra semana.
Contudo, o analista de mercado Olívar da Rocha espera que a colheita paulista e mineira seja melhor e ajuste um pouco o mercado. “A partir do dia 20 deste mês deverão ser colhidas plantações de São Paulo e de Minas Gerais. A tendência é de os preços começarem a cair com o aumento da oferta do produto no mercado”.
Reportagem: Milena Lemes